Estima-se que restem menos de 7 anos at\u00e9 atingirmos o ponto de n\u00e3o retorno, ou seja, o momento no qual a temperatura dever\u00e1 subir 1,5 graus Celsius em compara\u00e7\u00e3o com os n\u00edveis pr\u00e9-industriais, o que tornar\u00e1 a vida na Terra insustent\u00e1vel. Aos dias de hoje, j\u00e1 \u00e9 poss\u00edvel vislumbrar o impacto desta crise clim\u00e1tica com a vertiginosa extin\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies, com o aumento da ocorr\u00eancia de eventos clim\u00e1ticos extremos e a multiplica\u00e7\u00e3o de regi\u00f5es do planeta que se tornam inabit\u00e1veis, resultando numa grave crise de refugiadas e refugiados clim\u00e1ticos, que abandonam os seus pa\u00edses para sobreviverem. <\/p>\n\n\n\n

O combate \u00e0 crise clim\u00e1tica e \u00e0 perda de biodiversidade tem de ser feito em todas as frentes, desempenhando as cidades – nas quais se prev\u00ea que 70% da popula\u00e7\u00e3o mundial ir\u00e1 viver at\u00e9 2050 – um papel crucial e preponderante. Este des\u00edgnio deve refletir-se em todas as pol\u00edticas, designadamente no planeamento e urbanismo, os quais devem pautar-se pela sustentabilidade a longo prazo e pelo respeito intergeracional. O incremento e defesa de espa\u00e7os verdes, conforme expressa o Objetivo de Desenvolvimento Sustent\u00e1vel 11, \u201cTornar as cidades e comunidades inclusivas, seguras, resilientes e sustent\u00e1veis\u201d \u00e9 fundamental. <\/p>\n\n\n\n

Os corredores ecol\u00f3gicos, ou  corredores de biodiversidade, s\u00e3o faixas verdes que promovem a conex\u00e3o entre \u00e1reas naturais fragmentadas e degradadas, nomeadamente pela introdu\u00e7\u00e3o de infraestruturas, como as estradas. Esta fragmenta\u00e7\u00e3o causa a degrada\u00e7\u00e3o e perda dos habitats, que constituem as principais amea\u00e7as \u00e0 sobreviv\u00eancia de numerosas esp\u00e9cies. Este projeto pretende contribuir para quebrar o isolamento provocado pela a\u00e7\u00e3o humana entre as popula\u00e7\u00f5es das \u00e1reas protegidas, atrav\u00e9s da identifica\u00e7\u00e3o e optimiza\u00e7\u00e3o de corredores que permitam a migra\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies silvestres nelas existentes, permitindo a desloca\u00e7\u00e3o de animais e a dispers\u00e3o de sementes, favorecendo, assim, o interc\u00e2mbio gen\u00e9tico, essencial para a manuten\u00e7\u00e3o da biodiversidade. <\/p>\n\n\n\n

Este tipo de estrutura, n\u00e3o s\u00f3 traz benef\u00edcios para a biodiversidade, como permite potenciar a rela\u00e7\u00e3o da cidade e da popula\u00e7\u00e3o com a natureza, sendo fundamental para reverter a diminui\u00e7\u00e3o de espa\u00e7os verdes das \u00faltimas d\u00e9cadas. <\/p>\n\n\n\n

\u00c9 importante relembrar que o espartilhar dos habitats dificultou a sobreviv\u00eancia de diversas esp\u00e9cies, existindo m\u00faltiplos epis\u00f3dios  de atropelamentos, que colocam em risco as esp\u00e9cies, bem como a seguran\u00e7a das pessoas que circulam na via p\u00fablica. <\/p>\n\n\n\n

Os corredores ecol\u00f3gicos configuram, desta forma, uma importante solu\u00e7\u00e3o, reconhecida e implementada internacionalmente, por permitirem restaurar esta liga\u00e7\u00e3o, possibilitando que os animais encontrem alimento e ref\u00fagio noutros locais. Importa acrescentar que este tipo de estrutura apresenta ainda vantagens para o ambiente, uma vez que aumenta consideravelmente os espa\u00e7os verdes, importantes aliados na luta contra a crise clim\u00e1tica, bem como para a popula\u00e7\u00e3o, ajudando a mitigar a polui\u00e7\u00e3o sonora, a melhorar a qualidade do ar e permitindo um maior contacto com a natureza. <\/p>\n\n\n\n

Sendo o Parque Florestal de Monsanto a estrutura verde no munic\u00edpio que acolhe um maior n\u00famero de esp\u00e9cies de animais, bem como de arvoredo, dever\u00e3o ser realizados todos os esfor\u00e7os  para as proteger. Para tal, a implementa\u00e7\u00e3o de uma estrutura \u201cverde viva\u201d que permita ligar as \u00e1reas de Monsanto localizadas a sul e a norte da A5 torna-se crucial, a par da implementa\u00e7\u00e3o de solu\u00e7\u00f5es semelhantes noutros locais da cidade. <\/p>\n\n\n\n

Face ao acima exposto, vem o Grupo Municipal do PAN propor que a Assembleia Municipal de Lisboa, na sua Sess\u00e3o de 22 de junho de 2021, delibere recomendar \u00e0 C\u00e2mara Municipal de Lisboa, ao abrigo do disposto na al\u00ednea c) do artigo 15.\u00ba conjugado com o n.\u00ba 3 do artigo 71.\u00ba, ambos do Regimento, o seguinte:<\/p>\n\n\n\n

1. Ligar as \u00e1reas do Parque de Monsanto localizadas a sul e a norte da A5 atrav\u00e9s da cria\u00e7\u00e3o de um corredor ecol\u00f3gico , sobre a via, permitindo a passagem de esp\u00e9cies e favorecendo a biodiversidade; <\/li>
2. Estudar liga\u00e7\u00f5es em corredores ecol\u00f3gicos com os concelhos lim\u00edtrofes, designadamente Oeiras e Amadora, favorecendo o interc\u00e2mbio gen\u00e9tico de popula\u00e7\u00f5es entre as diferentes \u00e1reas nucleares de conserva\u00e7\u00e3o; <\/li>
3. Criar mais corredores verdes de penetra\u00e7\u00e3o no interior da cidade de Lisboa, ligando aos parques existentes e novas \u00e1reas verdes, tendo alguns  desses corredores j\u00e1 sido iniciados, garantindo que n\u00e3o existem obst\u00e1culos f\u00edsicos para propiciar a circula\u00e7\u00e3o de animais. <\/li><\/ol>\n\n\n\n

   Lisboa, 14 de junho de 2021. <\/p>\n\n\n\n

   O Grupo Municipal<\/strong>
   do Pessoas – Animais \u2013 Natureza<\/strong>
   <\/p>\n\n\n\n

   Miguel Santos – In\u00eas de Sousa Real
   <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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