A insularidade acarreta e imp\u00f5e um conjunto de condicionantes, desde logo na circula\u00e7\u00e3o de pessoas, bens e produtos. Circunscritos ao transporte mar\u00edtimo ou a\u00e9reo, a importa\u00e7\u00e3o e exporta\u00e7\u00e3o de mat\u00e9rias implica que a gest\u00e3o destas actividades seja cautelosa, engrenada e aprazada, pela externalidade de muitos factores.<\/p>\n\n\n\n

A produ\u00e7\u00e3o e gest\u00e3o de res\u00edduos urbanos carece, neste contexto insular, de especial aten\u00e7\u00e3o por todas as implica\u00e7\u00f5es que a sua acumula\u00e7\u00e3o e tratamento provocam em mat\u00e9ria ambiental e de sa\u00fade p\u00fablica.<\/p>\n\n\n\n

Em 2016, a ilha das Flores foi exemplo neste campo, sendo a primeira no arquip\u00e9lago a atingir o objetivo de \u201caterro zero\u201d, valorizando a totalidade dos res\u00edduos urbanos, quando que 83% foram encaminhados para a valoriza\u00e7\u00e3o material e org\u00e2nica e 17% para a valoriza\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica. <\/p>\n\n\n\n

Passados 6 anos desse marco, com a passagem de furac\u00e3o e uma tempestade nesse interregno, e depois de h\u00e1 um m\u00eas o Secret\u00e1rio do Ambiente afirmar que o seu executivo estava a conseguir resolver o problema da exporta\u00e7\u00e3o de res\u00edduos da ilha das Flores, o Governo Regional anuncia a cria\u00e7\u00e3o de um novo aterro de 1300 toneladas nesta ilha (que \u00e9 Reserva da Biosfera da UNESCO, lembre-se). Este ser\u00e1 o destino dos res\u00edduos acumulados no centro de processamento de res\u00edduos das Flores. <\/p>\n\n\n\n

Perante a tornar p\u00fablico desta \u201csolu\u00e7\u00e3o\u201d, Bolieiro, num claro atropelo \u00e0 verdade, afirmou que \u201cO aterramento n\u00e3o \u00e9 gravoso do ponto vista ambiental.\u201d J\u00e1 o Secret\u00e1rio do Ambiente, para justificar este atentado ambiental – e n\u00e3o podendo culpar os anteriores Governos Regionais ou o da Rep\u00fablica por esta incompet\u00eancia, como \u00e9 pr\u00e1tica costumeira deste Executivo – escudou-se na premissa de que esta \u00e9 uma medida excepcional e que j\u00e1 foi utilizada anteriormente (durante o per\u00edodo pand\u00e9mico de COVID19).<\/p>\n\n\n\n

Bem sabemos que a destrui\u00e7\u00e3o do Porto das Lajes das Flores, quando da passagem do Furac\u00e3o Lorenzo, tem gerado constrangimentos de e a v\u00e1rios n\u00edveis e tem imposto imensos desafios \u00e0 vida quotidiana dos florentinos. <\/p>\n\n\n\n

Mas \u00e9 tamb\u00e9m sabido que o problema com o escoamento de lixo n\u00e3o surgiu agora. Dura h\u00e1 meses. H\u00e1 tantos meses quanto a incapacidade e incompet\u00eancia deste Governo em solucion\u00e1-lo sem incorrer num atentado ambiental. <\/p>\n\n\n\n

Os riscos ambientais e para a sa\u00fade que a deposi\u00e7\u00e3o de res\u00edduos n\u00e3o tratados em aterro cria, deviam ser suficientes para que o Governo apenas o utilizasse em \u00faltimo reduto e de modo ex\u00edguo, contudo n\u00e3o me parece que seja esse o plano. A dimens\u00e3o e capacidade do aterro anunciadas vaticina n\u00e3o apenas os res\u00edduos j\u00e1 produzidos e acumulados, mas tamb\u00e9m o destino futuro dos res\u00edduos que venham a ser gerados e o abandono ou recusa em encontrar e impor solu\u00e7\u00f5es mais sustent\u00e1veis na sua gest\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Na visita Centro de Processamento de Res\u00edduos, o Presidente do Governo Regional firmou que \u201cImporta enfrentar os problemas, n\u00e3o disfar\u00e7ar\u201d. Mas \u00e9 exactamente isso que est\u00e3o a fazer. Est\u00e3o a disfar\u00e7ar o problema, varrendo-o para debaixo do tapete. N\u00e3o est\u00e3o a encontrar solu\u00e7\u00f5es nem a resolver o problema. Est\u00e3o sim a criar um muito maior e extensivo na sua gravidade!<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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