O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) quer uma estrat\u00e9gia nacional que promova a transi\u00e7\u00e3o agroecol\u00f3gica<\/a> para fazer face ao impacto das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas no pa\u00eds, que se encontra entre os mais vulner\u00e1veis a fen\u00f3menos como a escassez de \u00e1gua e a seca. O PAN deu ainda entrada de uma iniciativa<\/a> na qual prop\u00f5e uma revis\u00e3o do enquadramento legal dos planos de gest\u00e3o de bacia hidrogr\u00e1fica, com vista \u00e0 sua adapta\u00e7\u00e3o aos cen\u00e1rios clim\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n

\u201cPortugal precisa urgentemente de avan\u00e7ar com a cria\u00e7\u00e3o e a implementa\u00e7\u00e3o de uma estrat\u00e9gia nacional de transi\u00e7\u00e3o para a agroecologia, de forma a travar e\/ou minimizar os impactes negativos da crise clim\u00e1tica\u201d, defende a porta-voz do PAN, In\u00eas de Sousa Real. \u201cA 31 julho, praticamente todo o territ\u00f3rio Continental encontrava-se em situa\u00e7\u00e3o de seca meteorol\u00f3gica. Nos anos mais recentes, tem-se observado em Portugal um aumento da frequ\u00eancia deste tipo de fen\u00f3meno, bem como na sua dura\u00e7\u00e3o no tempo e na dimens\u00e3o territorial afetada. Porque a agricultura \u00e9, ao mesmo tempo, parte do problema e um dos setores mais vulner\u00e1veis, nomeadamente os ecossistemas agr\u00e1rios, importa cada vez mais encontrar resposta na agroecologia\u201d, explica.<\/p>\n\n\n\n

A agroecologia, enquanto disciplina que fornece os princ\u00edpios ecol\u00f3gicos b\u00e1sicos para o estudo, desenho e gest\u00e3o de ecossistemas agr\u00e1rios, de modo a fazer face \u00e0s necessidades de produ\u00e7\u00e3o e de conserva\u00e7\u00e3o de recursos naturais, apresenta-se como uma importante ferramenta na estrat\u00e9gia de adapta\u00e7\u00e3o \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. <\/p>\n\n\n\n

\u201cPrecisamos de uma agricultura que, regendo-se pelos princ\u00edpios da agroecologia, d\u00ea primazia aos servi\u00e7os de ecossistemas em detrimento do aumento da incorpora\u00e7\u00e3o de inputs como o uso intensivo de energia ou o recurso a produto qu\u00edmicos como os adubos e pesticidas,  que resultam numa maior artificializa\u00e7\u00e3o dos sistemas produtivos e em impactos negativos de longo prazo nos solos e nos recursos h\u00eddricos, ao mesmo tempo que promovemos a biodiversidade\u201d, sustenta In\u00eas de Sousa Real. <\/p>\n\n\n\n

Para a porta-voz do PAN, a altera\u00e7\u00e3o do patr\u00e3o-base da pol\u00edtica agr\u00edcola n\u00e3o pode ficar de fora do combate \u00e0 crise clim\u00e1tica, particularmente, quanto a agricultura constitui uma parte importante do problema ao ser respons\u00e1vel por 19 a 29% das emiss\u00f5es totais de gases com efeito de estufa \u201cSe n\u00e3o forem tomadas medidas, esta percentagem pode aumentar substancialmente \u00e0 medida que outros setores reduzem as suas emiss\u00f5es, pondo igualmente em causa a soberania alimentar num planeta cuja popula\u00e7\u00e3o mundial est\u00e1 a crescer\u201d, acrescenta.<\/p>\n\n\n\n

O desafio \u00e9 intensificado pela extrema vulnerabilidade da agricultura \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Os impactos negativos das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas j\u00e1 se fazem sentir, sob a forma de aumento das temperaturas, variabilidade meteorol\u00f3gica, desloca\u00e7\u00e3o das fronteiras dos agroecossistemas, culturas e pragas invasoras e fen\u00f3menos meteorol\u00f3gicos extremos mais frequentes. Nas explora\u00e7\u00f5es agr\u00edcolas, as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas est\u00e3o a reduzir o rendimento das culturas ou a qualidade nutricional dos principais cereais. Ser\u00e3o necess\u00e1rios investimentos substanciais na adapta\u00e7\u00e3o para manter os rendimentos atuais e conseguir aumentos da produ\u00e7\u00e3o e da qualidade dos alimentos para satisfazer a procura, respeitando os limites do planeta e adotando pr\u00e1ticas mais sustent\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

Quando 58% da \u00e1rea do pa\u00eds j\u00e1 \u00e9 vulner\u00e1vel \u00e0 desertifica\u00e7\u00e3o, prev\u00ea-se que ocorrer\u00e3o maiores decr\u00e9scimos de precipita\u00e7\u00e3o, enfraquecendo os cobertos vegetais, reduzindo a capacidade de infiltra\u00e7\u00e3o e de reten\u00e7\u00e3o de \u00e1gua e aumentando o risco de eros\u00e3o dos solos. Nos anos mais recentes, segundo o IPMA<\/a>, tem-se observado em Portugal uma maior frequ\u00eancia de epis\u00f3dios de seca meteorol\u00f3gica, alguns deles que se t\u00eam prolongado por mais de um per\u00edodo h\u00famido (outono e inverno) e seco (primavera e ver\u00e3o) e tamb\u00e9m t\u00eam abrangido uma maior percentagem do territ\u00f3rio. <\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9, por isso, que precisamos igualmente de uma revis\u00e3o do enquadramento legal dos planos de gest\u00e3o de bacia hidrogr\u00e1fica, previsto na Lei da \u00c1gua, que acautele um conjunto de medidas fundamentais uma mais adequada gest\u00e3o e prote\u00e7\u00e3o dos rios e da \u00e1gua\u201d, remata In\u00eas de Sousa Real.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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