Ap\u00f3s quase nove anos em fun\u00e7\u00f5es, nada faria prever que a legislatura em que Ant\u00f3nio Costa obteve maioria absoluta terminasse dois anos antes do que estaria previsto. <\/p>\n\n\n\n

Esta semana, Ant\u00f3nio Costa apresentou ao pa\u00eds a sua demiss\u00e3o, na sequ\u00eancia das mais recentes not\u00edcias de que \u00e9 alvo de um processo-crime por parte do Supremo Tribunal de Justi\u00e7a. Uma atitude que fez honrar a figura de Primeiro-ministro e que deveria ser tomada como exemplo por outros governantes do nosso pa\u00eds que dizem n\u00e3o se demitir em caso de chumbo do Or\u00e7amento, colocando em causa a evolu\u00e7\u00e3o de uma Regi\u00e3o em termos de competitividade. No entanto, Costa n\u00e3o teve o fim que imaginava \u2013 sair pela porta grande como o Primeiro-ministro que enfrentou um pa\u00eds em situa\u00e7\u00e3o pand\u00e9mica, as consequ\u00eancias econ\u00f3micas e sociais associadas a um conflito europeu, um poss\u00edvel recorde de maior tempo de perman\u00eancia no cargo e a oportunidade de se dizer Primeiro-ministro de Portugal nos 50 anos do 25 de Abril. <\/p>\n\n\n\n

Apesar da sensata decis\u00e3o de Ant\u00f3nio Costa, a situa\u00e7\u00e3o acarreta para a imagem da j\u00e1 fragilizada pol\u00edtica em Portugal mais desconfian\u00e7a e casos de corrup\u00e7\u00e3o d\u00fabios, que colocam uma vez mais a boa conduta da justi\u00e7a portuguesa \u00e0 prova e \u00e0 merc\u00ea da cr\u00edtica do povo. <\/p>\n\n\n\n

Se de todas as boas ou m\u00e1s decis\u00f5es que Ant\u00f3nio Costa tomou durante estes oito anos enquanto chefe do Executivo, o erro crasso foi n\u00e3o ter deixado cair o ministro Jo\u00e3o Galamba aquando do seu pedido de demiss\u00e3o no in\u00edcio do ano, dadas as alega\u00e7\u00f5es de ter ocultado documenta\u00e7\u00e3o relativa \u00e0 Comiss\u00e3o Parlamentar de Inqu\u00e9rito \u00e0 TAP e \u00e0s confus\u00f5es dentro do seu minist\u00e9rio. Uma situa\u00e7\u00e3o que fez estremecer a confian\u00e7a dos portugueses na pol\u00edtica portuguesa e que poder\u00e1 agora ser fundamentada com esta demiss\u00e3o.  <\/p>\n\n\n\n

Todavia, a crise na Rep\u00fablica est\u00e1 moderadamente sob controlo, dado que a demiss\u00e3o de Costa n\u00e3o ir\u00e1 colocar em causa a aprova\u00e7\u00e3o do Or\u00e7amento de Estado, que para a\u00ed caminha, e uma nova Assembleia ser\u00e1 constitu\u00edda em Mar\u00e7o de 2024, por decis\u00e3o de Marcelo Rebelo de Sousa. Apesar de os 315,1 milh\u00f5es de euros de transfer\u00eancia para a Regi\u00e3o, previstos no documento, a crise nos A\u00e7ores instalar-se-\u00e1 ap\u00f3s o chumbo do Or\u00e7amento Regional e a prognostic\u00e1vel sobreviv\u00eancia em duod\u00e9cimos, disfar\u00e7ada de \u201cresponsabilidade e miss\u00e3o de servir o povo\u201d.  Pelos vistos, a dignidade al\u00e9m-mar em nada \u00e9 exemplo para o Governo dos A\u00e7ores. <\/p>\n\n\n\n

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