Numa altura em que o Planeta clama por a\u00e7\u00e3o imediata e se debatem os acentuados impactes das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, o Governo dos A\u00e7ores decide trilhar um caminho peculiar ao excluir as associa\u00e7\u00f5es ambientais do processo de revis\u00e3o do Plano Regional para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (PRAC) \u2013 situa\u00e7\u00e3o que n\u00e3o s\u00f3 configura uma ironia c\u00f3smica, como constitui um verdadeiro retrocesso que coloca em quest\u00e3o a integridade e a transpar\u00eancia deste plano, enfraquecendo a capacidade de resposta \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e compromete a justi\u00e7a clim\u00e1tica. <\/p>\n\n\n\n

Estamos, por isso, perante um exemplo flagrante de desconex\u00e3o entre as pr\u00e1ticas locais e os apelos globais por uma a\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica urgente e inclusiva ao suprimir vozes e perspetivas cr\u00edticas e informadas, sem preju\u00edzo de desprestigiar o trabalho desenvolvido por estas associa\u00e7\u00f5es e resultar numa abordagem fragmentada e desarticulada na luta contra as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. <\/p>\n\n\n\n

As intemp\u00e9ries que assolam, e assolaram, a Regi\u00e3o, s\u00e3o resultado directo das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e um claro alerta de que a inac\u00e7\u00e3o \u00e9, cada vez menos, uma op\u00e7\u00e3o, onde a Regi\u00e3o surge agora como um mero espectador de um espet\u00e1culo que, ao inv\u00e9s de promover a mudan\u00e7a, nos condena a repetir erros do passado e, convenhamos, j\u00e1 temos problemas clim\u00e1ticos suficientes que n\u00e3o precisam de adicionar falta de transpar\u00eancia?\u00e0?equa\u00e7\u00e3o. <\/p>\n\n\n\n

Ademais, n\u00e3o deixa de ser curioso testemunhar como a urg\u00eancia pela ac\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica destacada na COP29 contrasta com a apatia demonstrada por este Governo, que opta deliberadamente pela integra\u00e7\u00e3o exclusiva de entidades diretamente ligadas a sectores com atividades que t\u00eam contribu\u00eddo, em larga escala, para o aquecimento global e, consequentemente, para as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, como as federa\u00e7\u00f5es agr\u00edcola e de pescas dos A\u00e7ores, abrindo espa\u00e7o ao favorecimento de interesses econ\u00f3micos em detrimento da prote\u00e7\u00e3o ambiental, comprometendo o presente, mas tamb\u00e9m o futuro das gera\u00e7\u00f5es vindouras, que herdar\u00e3o um ambiente deteriorado e menos resiliente. <\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o obstante, a tomada de posi\u00e7\u00e3o n\u00e3o nos surpreende, face ao hist\u00f3rico deste Governo no que respeita \u00e0s baixas taxas de execu\u00e7\u00e3o or\u00e7amental e pol\u00edticas que contrariam os princ\u00edpios de conserva\u00e7\u00e3o e sustentabilidade, demonstrativas de prioridades mal alinhadas, que contribuem para ampliar a \u201clista de contributos que minam a confian\u00e7a p\u00fablica\u201d. <\/p>\n\n\n\n

Em tempos de urg\u00eancia clim\u00e1tica, conforme destacado nas discuss\u00f5es que decorrem na COP29, em Baku, esta decis\u00e3o \u00e9, no m\u00ednimo, preocupante. <\/p>\n\n\n\n

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