Hoje queremos mostrar um pouco daquela que \u00e9 uma Lisboa escondida, uma Lisboa \u201clonge da vista e longe do cora\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n\n\n\n
Uma Lisboa para al\u00e9m da que \u00e9 apresentada nas revistas e nos sites de promo\u00e7\u00e3o do turismo.<\/p>\n\n\n\n
Por termos apenas alguns minutos, apresentamos apenas alguns exemplos, contudo \u00e9 infinitamente curto comparado com a vastid\u00e3o da cidade e com a variedade de situa\u00e7\u00f5es pouco positivas com que nos deparamos.<\/p>\n\n\n\n
Lisboa investe no turismo. Lisboa investe em atrair mais e mais turismo, como por exemplo na obra do Pal\u00e1cio da Ajuda. Queremos terminar uma obra que come\u00e7ou h\u00e1 200 anos e para isso a autarquia ir\u00e1 gastar doze milh\u00f5es de euros, que dizem serem do Fundo de Desenvolvimento Tur\u00edstico de Lisboa (de verbas provenientes da cobran\u00e7a da taxa tur\u00edstica). Fernando Medina diz ser um \u201cprojeto \u00fanico\u201d.<\/p>\n\n\n\n
Come\u00e7ou por custar 15 milh\u00f5es e agora j\u00e1 vai em 21 milh\u00f5es. Uma pequena derrapagem que muito ajudaria se aplicado na promo\u00e7\u00e3o de um turismo socialmente justo.<\/p>\n\n\n\n
Far\u00e1 sentido acabar uma obra come\u00e7ada h\u00e1 200 anos e n\u00e3o encontrar casas para as 334 pessoas que em 2017 foram sinalizadas como em situa\u00e7\u00e3o de sem abrigo sem teto?<\/p>\n\n\n\n
Parece-nos estranha esta op\u00e7\u00e3o quando equidade e inclus\u00e3o s\u00e3o algumas das palavras preferidas de quem representa esta mesma autarquia em discursos, apresenta\u00e7\u00f5es e confer\u00eancias.<\/p>\n\n\n\n
Com um Executivo que tanto refere o investimento em habita\u00e7\u00e3o para a classe m\u00e9dia, em reabilita\u00e7\u00e3o dos bairros municipais, em investimento nos BIP\/ ZIP\u2019s, as situa\u00e7\u00f5es que encontramos de grande precariedade relativamente \u00e0 habita\u00e7\u00e3o por uma parte consider\u00e1vel da popula\u00e7\u00e3o deixa-nos perplexas e perplexos.<\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 dif\u00edcil mostrar com fotografias a ocupa\u00e7\u00e3o de edif\u00edcios em ru\u00edna ou o facto de cada vez mais as fam\u00edlias viverem sob o mesmo teto sem espa\u00e7o e sem condi\u00e7\u00f5es, com vidas que dependem das rela\u00e7\u00f5es de vizinhan\u00e7a e familiares, numa rede na qual se partilham as contribui\u00e7\u00f5es de apoio que recebem mas tamb\u00e9m onde se originam os conflitos.<\/p>\n\n\n\n
Leiam-se os percursos de vida e as conclus\u00f5es do estudo constante no livro Tr\u00e2nsito Condicionado \u2013 Bar\u00f3metro de Pessoas em Situa\u00e7\u00e3o Vulner\u00e1vel, apresentado pelo Observat\u00f3rio de Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa, a semana passada, para se perceber o qu\u00e3o abandonada pelo poder institucional e aut\u00e1rquico est\u00e1 uma parte da popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Numa cidade onde facilmente nos pedem meio milh\u00e3o de euros por um T2, torna-se dif\u00edcil acreditar que estas imagens s\u00e3o da nossa cidade e n\u00e3o \u201cnoutro lugar\u201d.<\/p>\n\n\n\n
Torna-se dif\u00edcil acreditar tamb\u00e9m que o metropolitano n\u00e3o \u00e9 acess\u00edvel. Que algu\u00e9m n\u00e3o consegue aceder ao hospital ou \u00e0 escola.<\/p>\n\n\n\n
Ser\u00e1 que n\u00f3s, que falamos tanto em sermos \u201ccontra todas as formas de discrimina\u00e7\u00e3o\u201d, sabemos o que significa? (5 slides)<\/p>\n\n\n\n
Segundo a APAV, \u201cA discrimina\u00e7\u00e3o consiste numa a\u00e7\u00e3o ou omiss\u00e3o que dispense um tratamento diferenciado (inferiorizado) a uma pessoa ou grupo de pessoas, em raz\u00e3o da sua perten\u00e7a a uma determinada ra\u00e7a, cor, sexo, nacionalidade, origem \u00e9tnica, orienta\u00e7\u00e3o sexual, identidade de g\u00e9nero, ou outro fator.\u201d<\/p>\n\n\n\n
Para n\u00f3s, Grupo Municipal do PAN, em Lisboa h\u00e1 m\u00faltiplas formas de discrimina\u00e7\u00e3o!<\/p>\n\n\n\n
E tamb\u00e9m h\u00e1 muitas formas de maus tratos. Veja-se a forma como tratamos os animais.<\/p>\n\n\n\n
Tanto que se tem falado que Lisboa tem uma pol\u00edtica \u201cmais amiga dos animais\u201d, por\u00e9m, continuamos a ver animais ao sol e \u00e0 chuva na via p\u00fablica, atados a uma corda, esquel\u00e9ticos, e nada fazemos.<\/p>\n\n\n\n
Os turistas n\u00e3o passam naquelas ruas onde h\u00e1 animais abandonados, mal tratados, acorrentados?<\/p>\n\n\n\n
E as touradas? J\u00e1 em 1889, Te\u00f3filo Braga, afirmava em reuni\u00e3o de C\u00e2mara sobre as corridas de touros, ser um \u201cdivertimento que reputava conden\u00e1vel por muitos motivos\u201d. Por\u00e9m, n\u00e3o vamos aqui discorrer sobre esta mat\u00e9ria, mas queremos mostrar a nossa discord\u00e2ncia absoluta com esta forma de entretenimento baseada no sofrimento de um ser, bem como a nossa discord\u00e2ncia com o facto da C\u00e2mara Municipal apoiar tal evento atrav\u00e9s da Associa\u00e7\u00e3o de Turismo de Lisboa.<\/p>\n\n\n\n
E, embora n\u00e3o nos reste muito tempo, em dia debate de declara\u00e7\u00f5es pol\u00edticas, temos de referir a nossa preocupa\u00e7\u00e3o com o patrim\u00f3nio da cidade cultural e natural, ambos abatidos, demolidos e destru\u00eddos, com autoriza\u00e7\u00e3o camar\u00e1ria e impunidade quando em infra\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Enquanto outras cidades o classificam, o preservam e o promovem, o poder pol\u00edtico decidiu que devemos apagar toda a arquitetura do s\u00e9culo XIX e do princ\u00edpio do s\u00e9culo XX, que nos devemos afirmar como modernos, com \u201cprojetos de autor\u201d. Assim, primeiro deix\u00e1mos que esse patrim\u00f3nio ficasse em ru\u00ednas, para depois, com a justifica\u00e7\u00e3o de \u201cimpossibilidade de reabilita\u00e7\u00e3o\u201d, permitirmos a demoli\u00e7\u00e3o de pal\u00e1cios, de edif\u00edcios Arte Nova, pombalinos, de conventos extintos, de moradias e de edif\u00edcios de arquitetura fabril.<\/p>\n\n\n\n
E quanto ao patrim\u00f3nio natural? Est\u00e1 a ser melhor tratado que o constru\u00eddo? Pois, n\u00e3o est\u00e1 na nossa opini\u00e3o e na opini\u00e3o de diversos movimentos da sociedade civil que denunciam nas redes sociais.<\/p>\n\n\n\n
A autarquia anuncia que \u00e9 novamente candidata a \u201ccapital verde\u201d e que plantar \u00e1rvores \u00e9 essencial para o futuro e para o cumprimento da estrat\u00e9gia para adapta\u00e7\u00e3o \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, contudo, olhemos para Monsanto e para o abate de \u00e1rvores com o fundamento de requalificar trilhos ou de construir mais um campo de r\u00e2guebi. Olhe-se para a Rua Pinheiro Chagas, para o Est\u00e1dio Universit\u00e1rio, para o jardim classificado do Pal\u00e1cio Mendon\u00e7a, s\u00f3 para citar alguns tristes casos.<\/p>\n\n\n\n
Se a autarquia sabe, como n\u00f3s, que as \u00e1rvores s\u00e3o essenciais para o ciclo da \u00e1gua, para a preserva\u00e7\u00e3o dos solos, para o sequestro de carbono, para diminuir os efeitos das ondas de calor, para a prote\u00e7\u00e3o dos habitats, para a paisagem, para a promo\u00e7\u00e3o de modos de vida saud\u00e1veis, porque insiste em permitir o abate de \u00e1rvores?<\/p>\n\n\n\n
E, desta forma, chegamos ao fim de uma pequen\u00edssima apresenta\u00e7\u00e3o do que acontece a uma Lisboa na qual as pol\u00edticas aut\u00e1rquicas est\u00e3o estranhamente \u201cdesconetadas\u201d entre si; onde a sociedade civil reclama mas os poderes p\u00fablicos n\u00e3o ouvem.<\/p>\n\n\n\n
N\u00f3s, eleitas e eleitos pelas cidad\u00e3s e pelos cidad\u00e3os, n\u00e3o nos podemos alhear desta Lisboa que n\u00e3o conhecemos ou n\u00e3o queremos conhecer, do aumento do custo de vida, da press\u00e3o sobre os recursos, constru\u00eddos e naturais, das defici\u00eancias na rede de transportes p\u00fablicos e na canaliza\u00e7\u00e3o de verbas para o turismo quando a cidade falece \u00e0s escondidas.<\/p>\n\n\n\n
Reafirmando novamente que o Grupo Municipal do PAN n\u00e3o \u00e9 contra o turismo, nem podia ser considerando tudo o que de positivo tem trazido \u00e0 cidade e ao pa\u00eds, queremos alertar para a falta de planeamento e para o poss\u00edvel \u201cencantamento\u201d do crescimento econ\u00f3mico imediato, sem se olhar para o futuro. O turismo tem de ser economicamente vi\u00e1vel, mas tamb\u00e9m \u00e9tica e socialmente equitativo, respeitar o ambiente e a natureza. E o crescimento econ\u00f3mico ou a reabilita\u00e7\u00baao urbana devem ser promovidos acrescentando valor \u00e0 cidade, ao seu patrim\u00f3nio natural a todos os que nela vivem.<\/p>\n\n\n\n
Hoje, consequ\u00eancia desta reflex\u00e3o, apresentamos para delibera\u00e7\u00e3o do plen\u00e1rio:<\/p>\n\n\n\n