Numa sociedade inundada por informa\u00e7\u00e3o a todos os segundos, com estudos para tudo e que suportam cientificamente qualquer ideia que queiramos defender, n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil perceber qual ser\u00e1 a alimenta\u00e7\u00e3o mais saud\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m da escolha de consumir vegetariano estrito (vulgo Vegan, sem qualquer produto de origem animal) por respeito aos animais e ao planeta, existe uma outra d\u00favida menos altru\u00edsta: qual a alimenta\u00e7\u00e3o mais saud\u00e1vel para o nosso organismo? O que \u00e9 melhor para os animais, tamb\u00e9m o \u00e9 para as pessoas e para o planeta. N\u00e3o poderia deixar de ser de outra maneira. \u00c9 esta rela\u00e7\u00e3o fundamental e coerente que temos de ter presente todos os dias nas nossas escolhas alimentares.<\/p>\n\n\n\n

Contudo existe uma outra vari\u00e1vel, uma outra escolha que deveremos ter presente, a de consumir biol\u00f3gico al\u00e9m de vegetariano. Porqu\u00ea? Porque vegetariano sem certifica\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica pode significar contamina\u00e7\u00e3o com transg\u00e9nicos e qu\u00edmicos de s\u00edntese.<\/p>\n\n\n\n

Pensado exclusivamente no nosso bem-estar, se o veganismo nos protege de doen\u00e7as de cora\u00e7\u00e3o (quem o diz \u00e9 o Col\u00e9gio Americano de Cardiologia), a elimina\u00e7\u00e3o do consumo de transg\u00e9nicos e qu\u00edmicos artificiais pode diminuir a probabilidade de doen\u00e7as como cancro at\u00e9 porque j\u00e1 \u00e9 consensual que vegetais biol\u00f3gicos tem maior quantidade de antioxidantes.<\/p>\n\n\n\n

Um estudo com 30 anos do instituto Rodale iniciado em 1981 que consiste em culturas biol\u00f3gicas e convencionais lado a lado chegou \u00e0s seguintes conclus\u00f5es:<\/p>\n\n\n\n

– A agricultura biol\u00f3gica enriquece os solos, enquanto que a agricultura convencional os esgota;<\/p>\n\n\n\n

– A agricultura biol\u00f3gica usa 45% menos energia que a convencional e \u00e9 mais eficiente;<\/p>\n\n\n\n

– A agricultura biol\u00f3gica produz menos 40% gases com efeito estufa.<\/p>\n\n\n\n

Philippe Grandjean, professor de sa\u00fade ambiental da Universidade de Harvard, foi coautor de um estudo encomendado pela Uni\u00e3o Europeia este ano sobre agricultura biol\u00f3gica. Em primeiro lugar, refere que autoridades de sa\u00fade p\u00fablica europeias continuam a dizer que os limites de pesticidas autorizados nos alimentos convencionais s\u00e3o seguros, mas estes testes, al\u00e9m de serem feitos em animais, consideram apenas efeitos de um qu\u00edmico de cada vez. Testes em animais, al\u00e9m de eticamente reprov\u00e1veis, n\u00e3o oferecem certezas, porque se trata de seres vivos muito diferentes. Frutos e vegetais convencionais cont\u00eam v\u00e1rios qu\u00edmicos que se misturam e exponenciam o perigo para o nosso organismo.<\/p>\n\n\n\n

Este estudo concluiu que os alimentos biol\u00f3gicos s\u00e3o mais saud\u00e1veis porque apresentam uma quantidade quase nula de pesticidas e antibi\u00f3ticos e maior presen\u00e7a de nutrientes.<\/p>\n\n\n\n

Uma das recomenda\u00e7\u00f5es \u00e0 Uni\u00e3o Europeia deste estudo \u00e9 de que se baixe os impostos dos alimentos biol\u00f3gicos e dos produtores com certifica\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica.<\/p>\n\n\n\n

Este tipo de pol\u00edtica \u00e9 o caminho para diminuir o gasto do Servi\u00e7o Nacional de Sa\u00fade, porque simplesmente protege a sa\u00fade das pessoas.Por outro lado, o senso comum n\u00e3o precisa de estudos e o meu senso comum diz-me que n\u00e3o parece correto pulverizar alimentos com veneno e esperar que desapare\u00e7am quando chegam ao nosso prato.<\/p>\n\n\n\n

Um dos qu\u00edmicos venenosos permitidos na agricultura convencional, o glifosato, tamb\u00e9m \u00e9 usado como herbicida e respons\u00e1vel pela propaga\u00e7\u00e3o de inc\u00eandios, pelo menos, nas estradas nacionais de Viseu, Coimbra e Santar\u00e9m, porque o seu res\u00edduo \u00e9 combust\u00edvel (Associa\u00e7\u00e3o Zero \u2013 julho de 2017).<\/p>\n\n\n\n

A pergunta que fa\u00e7o ao Minist\u00e9rio da Agricultura \u00e9:<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 quando vamos ignorar recomenda\u00e7\u00f5es da Uni\u00e3o Europeia apoiadas pela Universidade de Harvard (assim como centenas de estudos independentes) e continuar a atribuir subs\u00eddios a uma agricultura que contamina solos e o nosso organismo, aumentando progressivamente a despesa do Servi\u00e7o Nacional de Sa\u00fade?<\/p>\n\n\n\n

Enquanto nada mudar, \u00e9 pagar para poluir e pagar novamente para tentar corrigir esses danos na nossa sa\u00fade e no nosso ambiente.<\/p>\n\n\n\n

7 de novembro de 2017<\/strong><\/p>\n\n\n\n

V\u00edtor Marques, membro da Comiss\u00e3o Pol\u00edtica Nacional<\/h3>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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