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Desporto à porta fechada

Na passada semana, o PAN/Açores tomou conhecimento de que inúmeros atletas de diversos clubes de formação, com modalidades desportivas de pavilhão, estavam impedidos de aceder aos complexos desportivos escolares. Para além disso, havia o sério risco de esta situação de estender a outros estabelecimentos escolares. 

O motivo deste impedimento? Falta de funcionários para abrir os pavilhões em horários pós-escolar. Ou seja, ao que se apurou, vários estabelecimentos de ensino perderam, durante o Verão, os funcionários responsáveis pela abertura dos pavilhões aos clubes. Acontece que, muitas escolas pressionadas pelos clubes, tentaram proceder à contratação de funcionários, porém, depararam-se com orientações superiores a obstar a efetivação das contratações. Mas porquê? Foi esta a pergunta que o PAN/Açores fez ao Governo Regional na passada sexta-feira, através de um requerimento escrito. 

A referida situação levou o PAN/Açores a indagar o Governo sobre o motivo pelo qual o Executivo protelou a resolução da situação, que se arrastou, sensivelmente, um mês, colocando em risco a sobrevivência de alguns clubes, que suspenderam a prática desportiva por falta de instalações, com o risco de perder cerca de 140 atletas, dos vários escalões, com idades compreendidas entre os 8 e os 18 anos. 

Entretanto e socorrendo-se do poder das redes sociais, uma postagem partilhada centenas de vezes “mirou o alvo” e “fez o derradeiro golo”, salvando o início da época desportiva que, para muitos clubes, começou um mês depois do suposto, com as consequências que tal acarreta, minando o esforço de atletas, treinadores e clubes, colocando em causa o bom funcionamento das modalidades desportivas, bem como o normal decurso da época desportiva. 

Apesar de, à data, algumas situações desportivas já se encontrarem resolvidas, é de lamentar que, não raras vezes, a exposição e o escrutínio público sejam obrigados a intervir, em questões como esta, onde o silêncio é cúmplice da ineficiência. 

De acordo com o estudo “DESpertar”, elaborado pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, entre 2022 e 2023, as taxas de prevalência de sobrepeso e obesidade na Região aumentaram 3,5% nas meninas e 5% nos rapazes. É evidente a necessidade de uma aposta robusta no desporto regional. 

A actividade física constitui uma ferramenta fundamental para a formação dos jovens, promovendo o trabalho em equipa, a disciplina e a inclusão social – factores para os quais a inércia governamental tem (des)auxiliado, desmotivando os atletas e reduzindo os pavilhões escolares a aglomerados de pó.  

A promessa de um futuro melhor para o desporto de formação nos Açores deve ser acompanhada de ações concretas, assentes num compromisso para com as novas e futuras gerações, que merecem mais do que promessas vazias e portas fechadas.