AçoresOpiniãoPANTouradas

Bem-estar Animal: Uma reflexão necessária

A sociedade moderna tem vindo a evoluir no que diz respeito à compreensão pelos direitos dos animais. No entanto, é com grande preocupação que constatamos a persistência de práticas que denotam uma falta de sensibilidade para com o bem-estar animal, sendo um exemplo flagrante a contínua realização de corridas de touros.

As touradas são uma prática cruel e desactualizada que precisa ser abolida – uma ideia que se reforça agora, na sequência da morte de quatro touros após uma corrida realizada no passado mês de Agosto em Agualva, na Praia da Vitória.

A promoção do entretenimento humano à custa do sofrimento animal é uma clara manifestação de falta de empatia e consideração pelos seres sencientes que partilham o nosso planeta.

A evolução cultural exige a revisão de práticas consideradas tradicionais, mas que, na realidade, não passam de actos cruéis e incompatíveis com os valores contemporâneos de respeito e compaixão pelos animais. 

Nesse sentido, o PAN/Açores reitera o seu repúdio às touradas ao entregar na Assembleia Legislativa Regional uma iniciativa que pretende o fim das atividades tauromáquicas nos Açores.

Outro dos exemplos de insensibilidade visível foi o abate de uma dezena de gamos que ocorreu na ilha das Flores, como medida de controlo populacional – um acto cruel e desumano, que poderia facilmente ser evitado através de campanhas de esterilização ou pela separação de machos e fêmeas.

A tudo isto, acresce ainda o facto de os próprios governantes não reconhecerem a importância de preservar todas as formas de vida – uma situação plasmada na medida do Governo que autoriza a caça à rola-turca, ave que goza de um estatuto de protecção legal em Portugal e em toda a União Europeia, ao abrigo da Directiva Aves (2009/147/CE).

Este tipo de práticas não podem ter lugar numa sociedade progressista, onde deve imperar o respeito entre todos os seres vivos.

Neste sentido, o PAN/Açores tem vindo a realizar um trabalho permanente na protecção do bem-estar animal, nomeadamente ao ver aprovada na Assembleia Regional uma iniciativa que prevê apoiar financeiramente as associações de proteção animal com as despesas médico-veterinárias.

Esta foi uma medida pela qual lutámos, por considerarmos que deve ser equitativo o acesso aos cuidados médico-veterinários e que nenhum animal deve ser privado de tratamento adequado devido a restrições financeiras.

A promoção do bem-estar animal não é apenas uma questão moral, mas também uma componente essencial para a construção de uma sociedade mais compassiva e pacífica.

Dito isto, o “fatídico mês de agosto” denotou a impiedade que o Governo Regional demonstra em relação ao bem-estar animal, ao contribuir para o abate e para a caça de espécies protegidas e ao não assumir o seu papel como garante da proteção animal.

Alertar a sociedade para a necessidade da proteção e bem-estar animal é uma forma de lembrar a todos que temos responsabilidade individual e colectiva em relação a todos os seres.