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Causa animal: o parente pobre?

Não é novidade que a causa animal, pelo menos durante os últimos anos de acção governativa de esquerda e direita, foi despreocupadamente relegada para segundo plano e reduzida “à sua insignificância”, refletindo a falta de sensibilidade para com as questões sociais que a envolvem e em contrassenso com a crescente conscientização da sociedade para com esta questão. 

A protecção e bem-estar animal continuam a ser negligenciados nos programas políticos executivos, cingindo-se à implementação de campanhas de castração e esterilização de animais de companhia e errantes, na tentativa de cair em (des)graça e passar despercebido ao satisfazer, ainda que irrisoriamente, as vontades presunçosas de um Partido invulgar. 

Curioso é que, ainda que se comprometam com este nobre feito, crucial no combate ao abandono, violência e maus-tratos animais e na promoção da saúde pública, a prática tem-nos demonstrado falhas na sua concretização, não sendo assegurada a cobertura efetiva no acesso a campanhas de esterilização e cuidados médico-veterinários a todo o território regional. 

A isto soma-se a situação de asfixia financeira em que muitas das associações de protecção animal se encontram, algumas na iminência de fechar portas, em virtude dos reiterados atrasos na transferência de verbas por parte do Governo Regional para fazer face às despesas associadas. A história repete-se todos os anos. 

A par disso, tivemos conhecimento que o Executivo não está a executar a iniciativa do PAN/Açores, aprovada há um ano, que prevê a atribuição de um apoio financeiro extraordinário às associações zoófilas para fazer face às despesas médico-veterinárias – uma proposta criada justamente para aliviar o stress financeiro destas associações, que atuam para colmatar as lacunas do poder público em matéria de proteção e bem-estar animal. 

A situação atual das associações zoófilas nos Açores é, portanto, um reflexo de uma governação indolente, arredada da importância do bem-estar animal enquanto parte integrante da saúde pública e do desenvolvimento social. 

Mas, como prova de que não desistimos das nossas causas e da nossa missão, o PAN/Açores apresentou, esta semana, no Parlamento, uma iniciativa que prevê a criação de um serviço de atendimento veterinário itinerante gratuito, com o intuito de fomentar a realização de campanhas de castração ou esterilização de animais de companhia, bem como promover a literacia em bem-estar animal, sobretudo para locais com maiores dificuldades em aceder à saúde animal. 

A par disso, esta iniciativa visa aliviar a pressão sentida pelas associações de proteção animal e cuidadores e combater a desinformação em relação aos direitos dos animais, que por vezes se traduz numa cultura de negligência, refletindo-se em práticas de abandono e maus-tratos 

O bem-estar animal é a base de uma sociedade consciente e sustentável, com impacto directo na saúde pública. É hora de agir e garantir que os direitos dos animais são respeitados e defendidos, não apenas em palavras,?mas?em?ações eficazes.