Na passada semana, assistimos a um espetáculo teatral de melodrama político, que teve como palco o debate do Plano e Orçamento da Região para 2025. Uma verdadeira ode ao ruído, onde o eco das promessas ressoou como uma sinfonia de ilusões, assombradas pelos fantasmas de execuções orçamentais que sussurraram nos paços perdidos e que, de forma reiterada, não passam de meras miragens.
Entre aplausos ensaiados e discursos inflamados, ficou evidente que as soluções propostas não são, de modo algum, a luz ao fundo do túnel neste labirinto de políticas ineficazes e desgastadas. Pelo contrário, tentou perpetuar-se o status quo de decisões ocultadas, onde partidos que não se alinham ao coro da maioria são convenientemente ignorados – à exceção, claro, de situações de emergência, quando a necessidade e a retórica se transformam em ação, ainda que temporária.
Uma semana que serviu para enfatizar o contínuo caos na saúde e educação, ao mesmo tempo que o sector agrícola, num gesto de aparente modernidade, insiste em privilegiar a exploração animal, como se da única forma viável de desenvolvimento se tratasse, sem esquecer o mar de incerteza da emergência climática e as trancas ao investimento no bem-estar animal.
No meio de tanta pompa e circunstância, a justiça laboral e o bem-estar da população resumem-se a meros acessórios de um espetáculo que não se cansa de repetir as mesmas falhas, neste balé de promessas e ilusões, com novos protagonistas em cena, que nos poderão vir a sair bem caro.
Actuar enquanto oposição não deve ser interpretado como uma recusa na procura de soluções, pelo contrário. Constitui posição necessária, enquanto fomento da pluralidade, e reflexo de um compromisso genuíno com o bem-estar da população. Personifica a coragem de questionar e desafiar políticas que não atendem às necessidades reais da população açoriana, almejando políticas que beneficiem todas as esferas da sociedade, ainda que, não raras vezes, o esforço empregue seja travado pelo lápis da censura de visões ultrapassadas.
A oposição construtiva é um convite ao diálogo, à inclusão e à procura de alternativas que realmente façam a diferença na vida das pessoas, promovendo o desenvolvimento sustentável e a justiça social, enquanto reflexo de anseios por políticas que constituam soluções inovadoras e necessárias ao progresso da Região.
Neste contexto, o voto contra do PAN/Açores expressou uma posição de mudança, refletida na responsabilidade de quem se recusa a abdicar dos compromissos assumidos, em prol de um futuro que não seja apenas mais um eco no vazio.