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Rastrear o cancro do pulmão e combater o HPV

A recente auditoria do Tribunal de Contas à Estratégia Regional de Prevenção e Combate às Doenças Oncológicas dos Açores expôs um panorama preocupante, com um atraso significativo no registo de novos casos de cancro que, segundo o mesmo, se estima ultrapassarem os mil por ano, ao que se soma a mais elevada taxa de mortalidade por doença oncológica do país, numa região com a menor esperança média de vida à nascença. 

À primeira vista, a confluência entre o combate ao vírus do papiloma humano (HPV) e a necessidade de rastreios eficazes contra o cancro do pulmão pode parecer uma abordagem desvinculada – no entanto, ambas as questões estão interligadas no que diz respeito à saúde pública e à responsabilidade social de proteger e salvaguardar a saúde da população açoriana, dependente de intervenções eficazes e coordenadas. 

Por seu turno, em 2023, o PAN/Açores aprovou o reforço de medidas para a erradicação do HPV na população feminina, um agente infeccioso diretamente associado ao desenvolvimento de praticamente todas as lesões pré-oncológicas, nomeadamente de cancro do colo do útero, através de uma maior cobertura vacinal nos adolescentes, pretendendo alcançar-se os 100% de população inoculada. 

No mesmo ano, aprovamos também a implementação do rastreio contra o cancro do pulmão na população de alto risco, numa abordagem proativa pelo combate a uma das principais causas de morte nos Açores.  

Para o efeito, foi neste contexto que dirigimos um requerimento ao Governo a solicitar esclarecimentos sobre o ponto de situação do reforço campanha de vacinação contra o HPV, bem como do rastreio do cancro do pulmão, medidas essenciais para que a população açoriana não permaneça suscetível a doenças oncológicas, reduzindo a incidência destas neoplasias e, por conseguinte, evitando o sobrecarregar do sistema regional de saúde. 

Dito isto, o requerimento do PAN/Açores não só é justificado, como chama à atenção para o efectivo cumprimento de políticas de saúde pública que priorizem a prevenção e o rastreio precoces, enquanto resposta às estatísticas alarmantes, mas sobretudo a um compromisso ético com a saúde da população.