Voto de Protesto pelo inconsequente e constante abate de árvores em Lisboa
No dia 21 de março assinala-se o Dia Internacional das Florestas, data que foi instituída pelas Nações Unidas em 2012 com o objetivo de alertar para a importância de se preservarem estes ecossistemas e para incentivar os países a encetarem esforços locais, nacionais e internacionais para protegerem as árvores.
Perante esta data, não é possível ignorar a atual política de abate de árvores que está a acontecer em Lisboa, Capital Verde Europeia em 2020. Quase todas as semanas nos chegam imagens de árvores adultas e saudáveis – que fazem parte da história daquela rua, daquele bairro e freguesia – com “podas excessivas”, que na realidade não configuram podas e acabam mesmo por ditar a morte das árvores.
Multiplicam-se as denúncias e quando analisados os avisos que devem informar a população dos abates verifica-se que a causa do estado fragilizado das árvores se deve ou aos sucessivos anos sem quaisquer cuidados ou porque neste momento estorvam a empreitada que ali se pretende fazer, não sendo contemplados na decisão critérios como a longevidade das espécies ou os riscos para a biodiversidade.
Assistimos ainda ao cúmulo do desrespeito pelas árvores quando estas são abatidas para criar espaços verdes, apresentando como solução o transplante (que, não raras vezes, dita a morte do exemplar arbóreo em questão) ou a sua substituição por exemplares jovens, que não proporcionam os mesmos efeitos e benefícios que as árvores adultas, esquecendo-se quem assim atua de que são seres vivos
O papel que as árvores desempenham é crucial para a qualidade de vida e, em última instância, para a nossa sobrevivência, uma vez que captam carbono, regulam a temperatura do meio envolvente e proporcionam locais de abrigo, de nidificação e alimentação para inúmeras espécies de animais, nomeadamente aves e insetos polinizadores. Mas não só: as árvores oferecem-nos a sua sombra nos dias de maior calor e presenteiam-nos com espetáculos únicos na primavera, no momento do seu despertar e da floração, e no outono, com as cores quentes que revestem as suas copas. Acima de tudo, as árvores permitem estreitar a relação elementar da pessoa com a natureza.
O aparecimento do coronavírus SARS-CoV-2 é a prova de que a nossa relação com o mundo natural tem um impacto direto na vida da população e na nossa sobrevivência, e, por isso, a crise climática e a preservação da natureza têm de ser uma prioridade para quem governa, a nível local, regional, nacional e mundial.
Assim, o Grupo Municipal do PAN propõe que a Assembleia Municipal de Lisboa delibere:
- Manifestar a sua preocupação face às podas excessivas e ao crescente abate de árvores adultas e saudáveis que está a decorrer por toda a cidade;
- Saudar todos os movimentos de cidadãs e cidadãos que se têm insurgido contra o abate de árvores, procurando proteger assim o património arbóreo de Lisboa.
Lisboa, 12 de março de 2021