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PAN quer ouvir com urge?ncia Ministro do Ambiente sobre permissa?o para cac?ar na Reserva Natural da Malcata

Diversos estudos te?m demonstrado que os distu?rbios causados pela cac?a na?o so? afectam as espe?cies-alvo, mas quase todas as espe?cies presentes no territo?rio de cac?a.

No âmbito da recente decisão do governo que aprovou uma portaria que volta a permitir caçar na zona sul da Reserva Natural da Serra da Malcata, após 23 anos de interdição desta actividade num dos habitats históricos de ocorrência de lince-ibérico (uma espécie em risco de extinção), o PAN – Pessoas – Animais – Natureza quer ouvir no parlamento, com caráter de urgência, o Ministro do Ambiente e Mobilidade, João Matos Fernandes, sobre esta decisão que o partido considera um “crime desastroso contra a natureza”.

“Na maioria do território português é possível exercer a actividade cinegética, sendo muito poucas as áreas no território nacional onde não se caça. Não são necessárias mais áreas de caça. Esta decisão do governo, tomada à revelia da sociedade, carece de fundamentação científica e política. Continuamos a agir como se fossemos donos do mundo, mas em vez de nos responsabilizarmos pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar, actuamos como cruéis predadores indiferentes ao impacto nefasto que estas decisões têm em toda a fauna e flora da cadeia ecológica”, recorda André Silva, deputado do PAN.

Diversos estudos têm demonstrado que os distúrbios causados pela caça não só afectam as espécies-alvo, mas quase todas as espécies presentes no território de caça. A caça é uma das actividades que mais perturba a vida selvagem. Neste caso não existe qualquer necessidade ou fundamentação científica que justifique permitir a caça numa reserva natural, sobrepondo os interesses da caça aos da conservação da biodiversidade. O abate a tiro é uma das principais causas de morte não natural do lince ibérico e do lobo- ibérico. A área abrangida pela reserva Natural da Serra da Malcata (RNSM) constitui um raro refúgio natural em território português possuindo interessantes valores botânicos e faunísticos.

A acrescer que a Reserva Natural da Serra da Malcata se depara com graves lacunas de funcionamento devido à falta de de recursos humanos e financeiros, que se reflecte e afecta às acções de vigilância e fiscalização que (não) se realizam. A acrescer os graves problemas de caça furtiva, a opção de agora permitir a caça nesta área protegida só irá agravar os problemas de fiscalização nesta área protegida. “Por todas as razões assinaladas, a Portaria n.o 19/2016 de 8 de Fevereiro não tem sentido e, na perspectiva do partido, só pode ser vista como um crime contra os seres que habitam a RNSM, contra a natureza e a biodiversidade, sem qualquer fundamentação científica e política que só favorece o lobi cinegético numa área crucial para a conservação da biodiversidade.”, acrescenta André Silva, no requertimento apresentado esta manhã, para audição com Ministro do Ambiente.

PAN organiza audição pública sobre o regime cinegético

O PAN vai ainda organizar uma audição pública sobre o regime cinegético, na próxima Quinta-feira dia 25 de Fevereiro, às 16h00 na Assembleia da República. Para a discussão de um tema que não tem sido apresentado à sociedade portuguesa de uma forma realista e integrada, serão convidados vários especialistas, entre eles, o Biólogo e Professor na Faculdade de Ciências da Universidade Nova, Luis Vicente, a Quercus, o GEOTA entre outras entidades que estão a ser convidadas para participar no debate.