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O discurso que fecha a campanha – Legislativas 2019

Na imagem surge André Silva do PAN a discursar, acompanhado de uma intérprete de Língua Gestual Portuguesa

Para o PAN não há aspirações impossíveis. Domingo, 6 de Outubro, VOTA PAN!

No jantar de campanha desta 5ª feira, André Silva demonstrou porque é que o crescimento do PAN é fundamental. Lê aqui o discurso na íntegra:

“Amanhã encerra-se um ciclo político que para o PAN foi o da afirmação. No domingo iniciaremos o período da consolidação.

Não querendo trazer para o PAN maiores virtudes do que aquelas que podemos efetivamente reclamar, posso hoje afirmar de consciência tranquila que cumprimos e superámos aquilo a que nos comprometemos com os portugueses e as portuguesas há 4 anos: dar voz aos que nunca eram ouvidos, trazer visibilidade a preocupações sociais que eram menosprezadas ou ridicularizadas, expor os interesses de algumas indústrias fortemente apoiadas pelos partidos incumbentes, colocar o ambiente no centro do debate político e social.

Mas acima de tudo a difícil entrada do PAN no parlamento veio confirmar que todos podemos fazer a diferença! Seja qual for a nossa condição à nascença, nacionalidade, religião, género, orientação sexual, condição económica ou orientação ideológica, todos podemos contribuir para a concretização de sonhos que nos dizem ser impossíveis!


Para o PAN não há aspirações impossíveis, estamos no sistema político-partidário para procurar soluções para os velhos problemas e para os desafios do século XXI. Não temos as respostas todas e ainda temos muito por onde crescer e evoluir, mas catapultámos para o centro do debate social, político e económico, o potencial de concretizarmos, enquanto sociedade, uma transição para um futuro sustentável e justo.

Com apenas um deputado e um minuto para falar, tivemos, nos últimos quatro anos, a nossa acção política profundamente limitada. Mas tal não nos impediu, muito pelo contrário, de honrar o compromisso que assumimos com as pessoas: o de trabalhar todos os dias com rigor e sempre na procura de consensos que se traduzissem em melhorias para o país. Foi, de resto, essa postura construtiva que permitiu colocar intérpretes de LGP nas urgências dos hospitais, regular a publicidade de alimentos para crianças, contratar mais nutricionistas e psicólogos para o SNS, a distribuição de fruta no pré-escolar público, o fim do uso de louça descartável de plástico, a implementação da tara recuperável para garrafas de plástico, a interdição do abate de animais de companhia como meio de controlo populacional ou o fim da utilização de animais selvagens nos circos.

Mas está quase tudo por fazer. Fizemos o que nos deixaram. Fizemos o que pudemos com a força que tínhamos.

O programa que apresentamos a estas eleições legislativas reflete, justamente, a magnitude do desafio que temos pela frente mas também a confiança necessária para o encarar. Mas, mais importante, aponta um caminho que, podendo não ser o mais popular nem o mais desejado, é o necessário.
É um documento que tem em vista o ano de 2030, data apontada pelos cientistas climáticos como o ponto de não retorno.

Um programa que não se esgota na emergência climática e que prioriza a dignidade do ser humano e as respostas que se exigem à sua realização e autodeterminação; um programa que faz uma aposta firme no empoderamento das pessoas através da Educação e da Cultura enquanto ferramentas centrais na construção de uma sociedade mais empática e consciente; que dignifica e protege todos, do indivíduo aos ecossistemas, com políticas responsáveis para a sustentabilidade, a acessibilidade e de justiça intergeracional em áreas tão importantes como a Saúde, a Habitação, o Emprego ou a Justiça.
Este é um programa realista, que rasga a indiferença e não cede ao imediatismo.

Os partidos incumbentes não têm sido capazes de ler o momento em que vivemos e mostram-se incapazes para oferecer as respostas aos desafios do nosso tempo.

O problema não se resume, como todos nos querem fazer acreditar, em ser-se de esquerda ou de direita, o problema é não ter soluções e respostas eficientes para os reais problemas da sociedade do século XXI.

Vejamos como a ideologia se traduz em políticas insuficientes, e castra a evolução por não permitir alcançar as melhores respostas para um determinado problema num dado momento. Aquilo que ontem se afigurava como uma solução, hoje pode deixar de sê-lo, porque a sociedade está em constante mutação e o grande desafio da política é acompanhar o seu ritmo. A ideologia desilude por não acompanhar uma sociedade em permanente movimento.

Portugal poderia estar mais à frente não fosse a força do travão do conservadorismo ideológico de PSD, CDS e PCP.

Imagine-se, o CDS, um partido presidido por uma mulher que defende a condenação das mulheres que decidem interromper a gravidez por entenderem não ter condições de a suportar, no âmbito do direito que têm sobre o seu corpo e a direcção da sua vida. O CDS é um partido que assim ataca e humilha as mulheres do nosso país.

É o mesmo partido que nega ver reconhecidos direitos humanos fundamentais a pessoas com identidade de género ou orientação sexual que não encaixam nos seus critérios marialvas. Para quem tanto enfatiza a família, querem proibi-la, negando e violando direitos elementares. Isto sim, é um insidioso ataque às pessoas e aos valores de uma sociedade do século XXI. O CDS é um dos partidos mais perigosos e extremistas, ao representar a homofobia, a transfobia e o incitamento ao ódio, através de uma linguagem carregada de intolerância.

O CDS parou no tempo, naquele tempo em que infligir sofrimento era um exercício de afirmação e uma demostração de virilidade. Aliás, a líder do CDS compara a tourada a um bailado. A nossa sorte é o CDS não ter parado no tempo em que os homens eram atirados aos leões.

A violência das políticas do CDS entrou inclusivamente dentro da casa das pessoas. A lei das rendas, em bom rigor a liberalização dos despejos, ainda hoje continua a afectar muitas pessoas em especial as mais idosas e as menos favorecidas. A Drª Assunção Cristas diz que põe as pessoas no centro das preocupações, mas acaba por metê-las no meio da rua. E é o PAN que não defende as pessoas…

Lei das rendas que, recorde-se, foi aprovada num governo do PSD.

Um partido conhecido por ter no seu hino a palavra liberdade é o mesmo partido que hoje em dia quer criminalizar os jornalistas por exercerem a sua profissão.
O PAN, aquele partido que é frequentemente acusado de não saber do que fala, ao ver Rui Rio a querer matar o mensageiro, dá por si a pensar: será que vão dizer de Rui Rio o que dizem do PAN?

Isto é: ou não sabe do que fala ou não sabe o que é a democracia. É que não há democracia sem jornalismo. E o que defende Rui Rio é um feroz ataque a um dos pilares essenciais do jornalismo que é o direito a preservar o anonimato da fonte. Rui Rio prefere assim atirar no mensageiro em vez de resolver o problema que a mensagem traz: a corrupção sistémica.

Mas se a visão de liberdade do PSD é questionável, o seu conceito de seriedade é verdadeiramente fantasmagórico. E neste campeonato até consegue fazer a dobradinha: todos se lembram ainda das presenças fantasma atingindo inclusive o secretário geral do PSD, mais conhecido entre nós, ambientalistas, pelo vendedor do Tua, e agora, em plena campanha eleitoral, o país é contemplado com um caso que fere profundamente a credibilidade da casa da democracia, a Assembleia da República, o episódio da falsificação das assinaturas, conhecido por assinaturas fantasma.

Assistimos a mais um pontapé na democracia e é com este tipo de comportamentos que os cidadãos se afastam dos partidos e da política.

Se houvessem sondagens sobre a intenção dos partidos em enganar os portugueses, certamente que o PSD estaria numa melhor posição do que aquela em que se encontra. Vejamos mais um exemplo: um partido que apregoa frescura e juventude na política, tanto que, ineditamente, o seu candidato a primeiro ministro nem é cabeça de lista para priorizar um jovem, depois mostra pelo seu programa que não tem respostas para as principais preocupações dos mais jovens.

Basta constatar a total falta de visão do PSD em matéria de combate às alterações climáticas: um deserto. Alguém que diga ao Dr. Rui Rio que o principal desafio das nossas vidas não se resolve a mudar a caldeira.

Mas se Rui Rio ainda muda caldeira, o PCP não muda nada. Em matéria ambiental é uma verdadeira desilusão. O PCP, tal como Trump, não reconhece valor ao Acordo de Paris.
Mas reconhece valor ao regime chinês, essa democracia de partido único, onde não existe liberdade de imprensa ou religiosa, que viola diariamente os direitos humanos fundamentais, sobejamente conhecido por caçar opositores políticos.

Felizmente o PCP não caça opositores políticos, mas apoia o baronato da caça, matilheiros, monteiros, criadeiros e demais agressores da vida animal.

E dou por mim a pensar que o PCP parece o irmão gémeo do CDS de quem foi separado à nascença…e o PAN é que tem problemas com a ideologia.

E por falar em ideologia, há quem diga, como Catarina Martins, que não se ser de esquerda nem de direita, isso não existe. E o PAN olha para o Bloco e conclui que o que existe é acumular ser-se de esquerda e de direita, não tivesse o Bloco suportado a política económica de Mário Centeno, o governante mais popular no eleitorado da direita e que até Rui Rio gostaria de ter como ministro.

Assim, imagino que será fácil para o partido socialista levar o Bloco de Esquerda para o governo, um partido tão ideologicamente marcado à esquerda mas com ginástica suficiente para correr na pista da direita.

Já o PAN não precisa de se auto catalogar à esquerda ou à direita para saber o que quer e o que não quer. O nosso caminho é firme na rejeição das desigualdades e injustiças sociais, do esgotamento dos ecossistemas, e do utilitarismo das outras formas de vida.

O PAN nunca aceitará viabilizar um governo do partido socialista que quer explorar petróleo no nosso país, um governo que assine contratos para a construção de aeroportos antes de fazer avaliações de impacto ambiental; um governo que não compense aqueles que trabalham à noite ou por turnos; que continue a não apresentar medidas sérias de combate à corrupção; um partido que tem vergonha da agricultura biológica e que em matéria de Saúde continua a não ter políticas de prevenção da doença em detrimento das indústrias da saúde.

Companheiras e companheiros, resta-nos pouco mais de 24 horas de uma campanha que se revelou intensa e desafiante mas também recompensadora. Uma campanha que quisemos fazer diferente, sem alimentar casos, pessoais ou judiciais, dando visibilidade a problemas ou a projectos que merecem ser divulgados.

É o culminar de uma legislatura e de meses de imenso trabalho que, à parte de nos convidar a melhorar no futuro, só nos pode orgulhar no presente. Mesmo sem os meios técnicos e humanos dos outros partidos, não deixámos de percorrer o país e o que vimos e sentimos foi de tal modo impactante que só podemos estar optimistas para o futuro.

Quero, a este tempo, manifestar o meu enorme agradecimento a todos os que se envolveram nesta campanha e que têm dedicado, quantas vezes com sacrifício pessoal, o seu tempo ao nosso movimento.
Muito, muito obrigado! E quero também agradecer aos nossos filiados e simpatizantes, cuja participação é cada vez mais reveladora da vitalidade do nosso partido. Todos e cada um de vocês, aqui e em todo o país, foram determinantes para que chegássemos aqui hoje com reais possibilidades de ver a nossa posição reforçada no sistema democrático português.

Quero, pois, apelar, para que não permitam, nem por uma vez, nem mesmo por um segundo, que as críticas que nos fazem vos façam desacreditar das vossas motivações e da nobreza da nossa luta.

Não contamos com a simpatia de tantos sectores influentes da sociedade, fomos o partido que mais sofreu campanhas de bullying e desinformação mediática sobre as nossas propostas, mas no domingo vamos mostrar que contamos com aquilo que realmente importa em política: a confiança das eleitoras e dos eleitores. Quando todos, da esquerda à direita, batem no PAN, é bom sinal, é sinal que estamos a fazer algo de positivo.

E no domingo queremos uma vez mais ser a surpresa das eleições e fazer história em Portugal, a história da transição e da mudança de paradigma na forma como nos relacionamos com os outros e com o planeta.

Ainda vamos a tempo! VIVA O PAN!”