AnimaisEducaçãoParlamento

PAN questiona Ministério da Educação sobre publicação em circulação nas escolas

Livro

Empresa que fornece refeições em escolas está a distribuir a estudantes do pré-escolar e 1.º ciclo publicação alusiva à temática “Alimenta-te Sem Porquês - Um dia na quinta”, a qual apresenta várias questões contrárias aos princípios do bem-estar animal e da alimentação saudável ou vegetariana/vegana.

O Grupo Parlamentar do PAN – Pessoas-Animais-Pessoas deu entrada de uma Pergunta dirigida ao Ministério da Educação sobre uma publicação alusiva à temática “Alimenta-te Sem Porquês – Um dia na quinta”, dirigido a crianças do pré-escolar e primeiro ciclo, que a empresa que fornece 85.000 refeições/dia está a distribuir nas escolas públicas portuguesas, a qual apresenta várias questões contrárias aos princípios do bem-estar animal e da alimentação saudável ou vegetariana/vegana.

Apesar de ter como objetivo ajudar as crianças a conhecer melhor os alimentos que comem, a forma como são cultivados e produzidos e quais os seus benefícios, procurando incentivar as crianças a fazerem escolhas saudáveis na sua vida futura, esta publicação coloca os animais numa perspetiva utilitarista, como existindo para consumo e interesse humanos, o que assenta totalmente numa perspetiva antropocêntrica. 

Neste livro, refere-se que os animais de quinta “produzem carne”, o que, do ponto de vista linguístico e semântico, é um erro não acautelado pela revisão da edição, uma vez que os animais não produzem carne, o seu corpo é que é transformado em carne alimentar.

Por outro lado, dão-se exemplos de que a vaca “chega a beber 50 litros por dia” e “pode produzir” 100 copos de leite por dia. Além do erro de linguagem que deve ser corrigido, esta informação assenta apenas na promoção do consumo, pecando por falta de informação quanto aos impactos da produção de leite e carne no ambiente e na saúde humana. Viola mesmo o Princípio da “prevenção da poluição na origem” desta empresa, uma vez que a produção agropecuária é uma das mais intensas atividades de poluição ambiental.

Mais preocupante é a correlação que faz entre a existência de porcos na quinta e os “famosos chouriços, presunto ou fiambre, de que tanto gostamos”. Esta assunção de conteúdo é particularmente gravosa, até porque há crianças e famílias que não se alimentam com animais, e, portanto, não se revêem, nem querem rever, nesta expressão do livro, que se demonstra claramente discriminatória para com de todas as crianças e familiares cuja alimentação seja vegetariana ou vegana, e cujos princípios de bem-estar animal não são compatíveis com o consumo de animais no prato.

Esta postura projeta opções e opiniões pessoais de quem escreveu ou orientou esta edição, não sendo aceitável a sua transmissão inconsequente junto das escolas e crianças. A educação para uma alimentação saudável tem de ser transversal a todos os contextos, coerente entre aquelas que são as orientações e evidências científicas existentes e com as práticas quotidianas instituídas em todos os setores sociais.

Pergunta PAN