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Sem reconhecimento, sem descanso, sem estatuto

Na passada semana, a chama da ingratidão reacendeu-se em mais um acto de desdém e desconsideração perante o chumbo da iniciativa do PAN/Açores que previa a criação do Estatuto dos Bombeiros Profissionais dos Açores, para o qual contribuíram os votos contra da Coligação e a abstenção do PS. 

A proposta do PAN visava oficializar o reconhecimento destes profissionais, através da imposição de salários condignos, da criação de verdadeiras carreiras, abrindo a porta à implementação do subsídio de risco, bem como a um aumento significativo de ordenado. 

Recorde-se que este projecto já havia sido aprovado, em 2021, com o voto favorável da Coligação – no entanto, face à inacção deste Governo, o PAN/Açores avançou com a apresentação do legítimo Estatuto dos Bombeiros Profissionais, que, pasme-se, a Coligação decidiu não ser assim tão necessário. Caso para dizer mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.  

O chumbo desta iniciativa configura um retrocesso significativo que acentua a progressiva desvalorização destes profissionais e reflete como a lamentável falta de consideração e gratidão permeia as decisões daqueles que deveriam representar os interesses desta classe, enquanto merecedora de um estatuto que lhes reconheça o devido mérito. 

Não deixa de ser curioso que o mesmo Governo que se pavoneia com discursos inflamados em homenagens sazonais, seja o primeiro a virar costas a esta classe, escudando-se em pressupostos como “elevados custos operacionais”, “complexa aplicabilidade” e até discriminação, numa tentativa de transpor o ónus do chumbo para o proponente. 

É gritante a forma como se desprestigia o esforço e empenho dedicados por estes profissionais ao serviço de uma Região que quer borlas permanentes à custa da vida pessoal dos bombeiros. Ou talvez, na sua infinita sabedoria, considerem que os bombeiros não carecem de reconhecimento. Afinal, o altruísmo deve ser recompensado com… nada. Ou, melhor dizendo, com incentivos ao trabalho voluntário. 

A aprovação desta iniciativa significaria o início de um novo ciclo na proteção civil, impulsionando o seu desenvolvimento na Região e reconhecendo a importância e especificidades da sua função. Todavia, adotou-se o caminho mais conservador – marca desta Coligação. 

Não obstante, continuaremos a unir esforços para que as necessidades destes trabalhadores sejam atendidas, em conformidade com o trabalho desenvolvido até então pelo PAN/Açores.