A Representação Parlamentar do PAN/Açores manifesta a sua profunda preocupação e repúdio em relação à constituição de um grupo de trabalho cuja missão é apenas regulamentar o licenciamento intermunicipal da realização de touradas à corda, cuja estrutura levanta sérias dúvidas sobre a legitimidade do processo, sem prejuízo de não garantir a segurança, protecção e bem-estar animal.
O despacho assinado pelo Secretário Regional da Agricultura, publicado hoje em Jornal Oficial, pretende a criação de um grupo de trabalho onde estão excluídos os representantes e efetivos defensores do bem-estar animal, como é o caso da Provedora Regional do Animal, abrangendo exclusivamente representantes das forças de segurança, câmaras municipais de Angra do Heroísmo, Praia da Vitória, Velas, Calheta e Santa Cruz da Graciosa – municípios onde ainda se praticam essas atividades, e o já afamado lobby ligado ao sector agrícola, como a Direção da Associação de Criadores de Toiros de Touradas à Corda, refletindo, no entender do partido, uma clara demonstração de falta de transparência, aliada a interesses políticos específicos.
Pedro Neves, Deputado da Representação Parlamentar do PAN/Açores, alerta ainda para os riscos inerentes à ausência de representatividade das diversas partes interessadas, dado que a desconsideração de diferentes perspectivas compromete o equilíbrio do debate – que se quer aberto e promotor do envolvimento da sociedade açoriana, sem prejuízo de não assegurar que os princípios éticos e de protecção animal sejam respeitados, abrindo espaço à perpetuação de práticas por muitos consideradas desumanas e obsoletas. Pelo que, o partido suspeita que este grupo esteja apenas a mascarar as reais intenções tauromáquicas: o lobby da perpetuação da violência praticada contra animais de lide.
“É imperativo que todas as partes interessadas, especialmente aquelas que defendem a animal, sejam incluídas nas discussões que impactam diretamente a vida e o tratamento dos animais, cujo bem-estar deve, acima de tudo, constituir prioridade, sendo inaceitável que este grupo de trabalho avance sem uma representação equitativa”.