De acordo com o Instituto para a Economia e Paz, Portugal encontra-se na terceira posição dos países mais seguros do mundo, dado que ainda se torna mais fidedigno quando analisado num contexto de tremenda visibilidade externa potenciada pelo boom turístico que se sentiu no nosso país no contexto pré-crise sanitária.
O trabalho desenvolvido pelos órgãos de polícia criminal não pode ser dissociado deste sentimento generalizado de enorme segurança que envolve os portugueses e portuguesas, uma vez que são dos que mais contribuem para isso.
Todavia, o quotidiano dos órgãos de polícia criminal engloba inúmeras especificidades, tais como o trabalho por turnos (que inclui horários noturnos e fins-de-semana), o uso de armas de fogo, o enorme stress, recorrentes problemas de coluna e risco associado ao exercício da profissão, as quais desembocam num enorme desgaste físico e emocional.
Além do risco associado a esta profissão, notamos igualmente as repercussões provenientes do trabalho por turnos, o qual degenera em perturbações do sono, gastrointestinais, cardiovasculares, de humor, fadiga crónica, problemas metabólicos, sociais e familiares, acidentes de trabalho (por vezes, mortais), absentismo, diminuição da capacidade laboral e envelhecimento precoce.
Noutra perspectiva, traz-se à colação o Relatório Anual de Segurança Interna de 2022, que é bastante claro ao identificar que 1014 elementos das forças e serviços de segurança foram feridos em serviço. Ademais, sublinha-se que morreram dezenas de profissionais das forças de segurança nas últimas décadas.
Estes números espelham a perigosidade e o risco associado à atividade destes profissionais, o que justifica a sua valorização e um reconhecimento do direito a uma compensação adequada para os riscos que estão associados ao exercício da sua profissão. Esta valorização e reconhecimento não foram asseguradas pelo aumento do suplemento por serviço e risco de 68,96 euros ocorrido em 2021.
Como tal, com a presente proposta de alteração o PAN pretende assegurar:
- Um aumento da componente fixa do suplemento por serviço e risco na PSP para os 443 euros e a garantia de que é atualizado anualmente nos termos da atualização do indexante dos apoios sociais;
- Um aumento de 20% dos suplementos de ronda ou patrulha na PSP – que atualmente
apresenta valores de cerca de 59,13 e 65,03 euros (dependendo da classe) -, de forma
a que os mesmos tenham uma correspondência adequada com risco e desgaste
efetivos associados à profissão.