A viragem do ano é propícia a reflexões, lançando o repto à análise e balanço dos acontecimentos idos e a prognósticos sobre a conjunção futura.
O ano de 2022 entrou ainda sob domínio da pandemia. O SNS e SRS foram, uma vez mais, postos à prova, com os seus principais recursos a serem sobrecarregados e a trabalharem em sobre esforço. O país registou, em Janeiro, um número recorde de infecções por COVID-19, com uma média de 42 mil casos por dia, com os Açores a serem, no início de Fevereiro, a região do país com maior incidência da doença.
Mas passado esse “cabo das tormentas”, estando já a pandemia em período de resolução e vivendo-se a expectativa de singrar o Cabo da Boa Esperança, eis que uma guerra se instala na Europa, com a invasão russa da Ucrânia.
Num estado de incredulidade, voltámos a ser postos à prova por um evento disruptivo e inesperado, ou que pelo menos negávamos voltar a ser possível em território europeu.
E como um mal nunca vem só, fomos abalados por uma crise sismo-vulcânica, que, felizmente, mais não serviu que para demonstrar a resiliência dos jorgenses e o espírito de solidariedade e abnegação dos restantes ilhéus.
Com tudo isto a reboque do efeito dominó que se iniciou há três anos com o surto pandémico do COVID-19, a guerra veio exacerbar a já fragilizada economia global, dando a “machadada final” na disrupção das cadeias de distribuição, e a desnudar a elevada dependência externa nacional, sobretudo em matéria agrícola.
Perante este facto, o PAN/Açores apresentou em Abril uma iniciativa que insta o Governo a criar a Estratégia agrícola regional de emergência para a produção e armazenamento de cereais, mas que se tenha conhecimento, e ainda que aprovada por unanimidade, nada foi feito até ao momento, e continuaremos, porquanto, ancorados nesta dependência externa.
Apesar das evidentes repercussões na economia familiar e das empresas, a égide estatal tardou em surgir na mitigação dos efeitos da inflação. Perante as possibilidades e exemplos já demonstrados por outros países europeus, as medidas do Governo continuam tímidas e escassas para atender aos constantes aumentos em sectores essenciais e à manifesta perda de poder de compra e degradação, transversal, do nível e condições de vida da população.
A energia, a par dos bens de consumo e retalho, são os sectores onde as famílias sentem mais o impacto da inflação. Com efeito, e por iniciativa do PAN, em 2023 será alargando o universo de famílias que poderão beneficiar de um apoio um apoio extraordinário na fatura da energia, face aos aumentos já previstos para o próximo ano.
Tempos extraordinários clamam medidas extraordinárias e num ano também marcado, politicamente, por várias demissões e remodelações governamentais, a nível nacional e regional, exige-se mais foco e sentido de estado e missão.
Que 2023, apesar de se vislumbrar difícil, seja próspero na mudança de muitos paradigmas e que imponha a sustentabilidade e convergência necessária para enfrentar as adversidades.