A educação é frequentemente vista como pedra angular do progresso e do combate à pobreza, o afamado elevador social, portanto. No entanto, nos Açores, décadas de desinvestimento e uma falta de compromisso por parte dos sucessivos governos espelham o estado das instituições de ensino, deixadas ao abandono e numa situação de degradação preocupante, comprometendo a qualidade da aprendizagem e o futuro dos jovens.
Nos últimos anos têm sido reiterados os alertas para a falta de manutenção e problemas estruturais das escolas, que se centram, sobretudo, na situação precária das infraestruturas, na carência de docentes e assistentes operacionais e ainda na obsoleta rede de água e rede elétrica, com prejuízo para a segurança de toda a comunidade escolar, numa realidade contrastante ao que apregoa este Executivo.
Este é um cenário que o PAN/Açores testemunhou, aquando da visita à Escola Secundária das Laranjeiras, na passada semana, onde se deparou com um cenário de abandono e descaso, que é, por seu turno, transversal a toda a Região. Aliás, diria até que somos merecedores do Galardão da Resiliência Escolar, para o qual são tidos em conta critérios como salas interditas, queda de blocos de betão, auditórios fechados, infiltrações, pavilhões sem balneários, recordes europeus de taxas de abandono escolar precoce e, inclusive, escolas que encerram por não estarem garantidas condições de segurança.
Um exemplo flagrante deste cenário ocorreu esta semana, após duas crianças ficarem feridas na sequência da queda de uma porta, por falta de manutenção, na Escola da Ponta da Ilha, no Pico. Um claro reflexo de uma política míope que falha sucessivamente em reconhecer a educação como um investimento, emaranhada num ciclo vicioso de cortes orçamentais e promessas por cumprir.
A par disso, a falta de docentes e recursos humanos persiste a cada arranque de um novo ano lectivo, afectando a qualidade educativa e dificultando a manutenção da ordem e segurança, sobretudo em escolas que requerem maior supervisão, e apesar dos sucessivos alertas dos sindicatos.
No fundo, a realidade do sector educacional na Região é clara: um Governo que promete mundos e fundos, mas na ‘hora H’ dá tiros nos pés e vota contra iniciativas como a do PAN/Açores, apresentada na legislatura passada, que visava a atribuição de incentivos pecuniários à fixação de docentes na Região.
A educação não pode continuar a ser vítima das contradições de um Governo que se faz crer prestigiado e comprometido, perante infraestruturas escolares que contam uma história bem diferente.