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PAN/Açores repudia legalização da sorte de varas 

A Representação Parlamentar do PAN/Açores manifesta o seu veemente repúdio face às recentes declarações proferidas pelo Secretário Regional da Agricultura, António Ventura, à margem do 4º Fórum Mundial da Cultura Taurina, que abrem a porta ao regresso da “sorte de varas” à Região, descrevendo a tourada como uma “escola de cidadania”, onde “há dignidade, responsabilidade e disciplina”.  

O Partido acredita que o Secretário Regional deve demitir-se, sobretudo, depois das declarações proferidas que estão em contraciclo com o que a sociedade civil vem defendendo: o fim da tauromaquia. O Secretário está à margem daquilo que a sociedade reclama e continua recetivo às vontades do envelhecido lobby tauromáquico, estando em causa a imparcialidade que lhe é exigida enquanto decisor político. 

O Deputado reitera que o Governo continua a alimentar um sector em falência, sobretudo financeira, patrocinando e apoiando os seus eventos, sendo o principal responsável pela sua existência. A par disso, numa altura em que várias instituições vêm alertando para o impacte negativo da normalização da violência perpetrada contra os animais de lide nas crianças e jovens, o Secretário afirma que esta atividade é “a melhor escola de cidadania”, estando desfasado de todas as políticas públicas de combate à violência,  

Para o partido tais afirmações configuram um retrocesso inaceitável e ignoram a realidade dos impactes negativos que a tourada em geral e especialmente a sorte de varas exerce sobre os animais envolvidos, nomeadamente touros e cavalos. A prática da sorte de varas é caracterizada por um sofrimento físico e psicológico incomparável para os animais, onde a proteção animal é inexistente, ao contrário do que o Secretário apregoa, sobretudo se considerados os diversos episódios de maus-tratos animais a que assistimos, e que o PAN/A denunciou, nas épocas taurinas de 2023 e 2024. 

A par disso, o PAN/Açores recorda que, em 2009, o Parlamento açoriano rejeitou uma proposta para a legalização da sorte de varas, reconhecendo que a tauromaquia é uma prática que empobrece a cultura e não se alinha com os valores de uma sociedade moderna e ética. 

“É alarmante que um representante do Governo açoriano minimize a gravidade da prática da sorte de varas, que contradiz qualquer alegação ao bem-estar animal, ao que se acrescenta o silêncio ensurdecedor da Provedora do Animal no que respeita à ideia de que a tourada promove valores como a dignidade, responsabilidade e disciplina – um argumento falacioso que, no nosso entender, ignora o sofrimento infligido aos animais. É tempo de avanços e não de retrocessos”.