O eurodeputado do PAN, Francisco Guerreiro, questionou a Comissão Europeia sobre se existem informações complementares nas instituições da União Europeia relativos à alegada omissão do governo chinês, no início do contágio do Coronavírus COVID-19, na província de Hubei, na partilha de dados com as entidades internacionais.
Segundo o revelado por alguns meios de comunicação sociais, o primeiro relato de contaminação do vírus deu-se a 17 de novembro sendo que apenas foram reportados e registados no final do mês de dezembro os dados à Organização Mundial de Saúde (OMS). Neste sentido, o eurodeputado questionou também se serão aplicadas restrições ou sanções bilaterais por parte da União Europeia (UE) à República Popular da China caso se comprove deliberada a omissão da partilha de informação sobre o vírus às instâncias de saúde e governativas internacionais.
Em paralelo foi também perguntado qual a posição da Comissão relativa ao comércio de animais exóticos no país. Esta questão vem na sequência dos vários dados que indicam que o surto de COVID-19 terá começado num mercado húmido de Hubei, local onde são comercializadas legalmente animais exóticos.
Segundo a OMS, em Novembro de 2002, foi no sul da China, na província de Guangdong, que a epidemia de SARS-CoV teve início. Tal como o COVID-19, este surto foi também ligado ao consumo de animais exóticos, nomeadamente morcegos. Nos dois anos de maior incidência do surto, 2002 e 2003, a epidemia alastrou-se a outros países limítrofes, infetando mais de 8.000 pessoas e matando 774 indivíduos.
“Na China verificamos que existe uma falta de controlo sanitário e de higiene alimentar que pode colocar em causa, mais uma vez, a estabilidade mundial, pelo que será fundamental a UE, a comunidade internacional e a OMS garantirem o fim definitivo do comércio de animais exóticos nos mercados Chineses”, conclui Francisco Guerreiro.
Comercial e economicamente, segundo os dados da Comissão Europeia, a China é o seu segundo maior parceiro comercial, seguido pelos Estados Unidos da América. A UE é o maior parceiro da República Popular da China. Atualmente existe um compromisso de 10 pontos entre a UE e a China, referente ao processo de um acordo de investimento entre blocos que se iniciou em 2013, que estabelece pontos de convergência e de maior transparência. As questões apresentadas pelo eurodeputado do PAN centram-se também no futuro desse acordo.
“Está agendado para este ano o fim das negociações entre a UE e a China para celebrar um acordo de investimento logo é com preocupação que vemos a possibilidade de Pequim ter omitido informações aos seus parceiros internacionais relativamente ao início do surto de COVID-19”, afirma o eurodeputado Francisco Guerreiro.
Francisco Guerreiro explica que se suspeita “que a China tentou encobrir a existência de um surto de um novo coronavírus, o Covid-19, quando já se registava um grande número de infetados e, como tal, não terá informado as entidades internacionais competentes, nem tomou as ações necessárias para conter o vírus atempadamente”, diz.
“Seria oportuno que a Comissão tome medidas de advertência e/ou de sanção para com países terceiros cujas ações têm repercussões no próprio bem-estar e saúde dos cidadãos europeus”, adianta o eurodeputado.
O eurodeputado do PAN questiona ainda esta instituição se planeia advertir a China para a necessidade de impor normas de higiene e de segurança alimentares eficazes e de banir o comércio de animais exóticos – sendo que se suspeita que o Covid-19 tenha origem nos mercados destes animais –.
Pergunta completa do eurodeputado:
– Tendo em conta que este não é o primeiro surto patológico mundial das últimas décadas e cuja expectada origem são estes tipos de mercados, continuará a Comissão a abster-se de interferir crítica e ativamente em assuntos que remetem para sensibilidades culturais de determinadas nações e que têm óbvias repercussões transnacionais negativas sobre a saúde e bem-estar humanos?
– Tendo em conta que em causa está a segurança e estabilidade da UE, planeia a Comissão advertir a China para a necessidade de impor normas de higiene e segurança alimentares eficazes e de banir o comércio de animais exóticos?
– Questionará e sancionará a Comissão o governo chinês por alegadamente não informar as entidades internacionais sobre a existência do surto nas suas primeiras semanas, onde já se registava um elevado número de infetados, e condenará tal ação, caso se comprove verdadeira?