EleiçõesLegislativas 2019

“O PSD quer implementar o simplex da devastação ambiental”

Debate entre André Silva e Rui Rio na RTP

No primeiro encontro de André Silva e Rui Rio, os líderes de ambos os partidos concordaram que o PAN e o PSD não têm grandes pontos de contacto e que “dificilmente” serão parceiros, num debate que ficou mais marcado pelas diferenças do que pelas concordâncias.

Apesar de Rui Rio ter saído destacado inicialmente, ao acusar o PAN de ser “fundamentalista”, foi o PAN que ditou as regras até ao fim. E isso foi visível durante a meia hora de debate, marcada pelas diferenças estruturantes na estratégia para governar Portugal, somadas ao facto de que os programas eleitorais do PSD e do PAN “não são compatíveis” e “são muito diferentes”, indicou André Silva.

Para o porta-voz do PAN, “não é aceitável que se catalogue o PAN de fundamentalista, quando quer trazer medidas de protecção social para aquelas pessoas altamente desfavorecidas”. André Silva frisou ainda que Rui Rio, durante o tempo em que foi autarca do Porto, “não aplicou políticas públicas de protecção dos animais” e que ainda hoje os municípios, sobretudo do PSD, não fazem esterilizações e não aplicam medidas proteccionistas para os animais. “É uma questão de bondade e de evolução civilizacional”, disse.


“Não é aceitável que se catalogue o PAN de fundamentalista, quando quer trazer medidas de protecção social para aquelas pessoas altamente desfavorecidas” – André Silva

Ao longo do debate, foram diversas as vezes que André Silva, bem preparado e com o trabalho de casa feito, referiu o programa eleitoral dos sociais-democratas, tendo assinalado que “o PSD não tem uma única proposta para a protecção animal” e também lhe falta “uma estratégia sólida para a descarbonização da economia“. Para responder a André Silva, Rui Rio declarou que, no que toca aos direitos animais, foi o PSD que aprovou, em 1995, a primeira lei sobre esta matéria“. “A lei de 1995 é proclamatória”, contestou o porta-voz do PAN, explicando que esta não estabelece qualquer tipo de penalização em caso de incumprimento das medidas que constam no documento.

Após várias tentativas falhadas do líder do PSD mostrar que o seu partido estava pronto para defender o ambiente, André Silva mostrou o contrário, usando uma citação do programa do PSD. “Na página 5 do programa do PSD está escrito que temos que incorporar a dimensão de sustentabilidade no próprio modelo de crescimento económico. Mas é justamente o oposto. Nós temos é que adequar o modelo de crescimento económico ao princípio de sustentabilidade. Como é que o PSD não tem uma única medida para a transição energética?”. André Silva disse que os Sociais-democratas defendem políticas económicas do século passado e não têm nenhuma proposta para o ambiente.


“Nós temos é que adequar o modelo de crescimento económico ao princípio de sustentabilidade”– André Silva

Foto: Pedro Rocha / Global Imagens


Questionados sobre o que têm mudado para se tornarem mais amigos do ambiente, Rui Rio tirou do bolso uma fatura para mostrar que esta segunda-feira tinha comprado uma caldeira para sua casa com o objetivo de “emitir menos monóxido de carbono”. Já André Silva disse que anda de transportes públicos e que não consome nenhum produto de origem animal, “um dos principais poluidores do planeta e o com mais impacto na nossa agricultura”.


O Estado de Emergência Climática está plasmado no programa do PAN mas não consigo encontrar no do PSD.” – André Silva

Finalizado o debate, o Polígrafo verificou a afirmação de André Silva, que expressou estranheza perante a posição de Rui Rio: “O PSD aprovou ao lado do PAN esta lei com os prazos definidos para o fim dos abates de animais como forma de controlo da população”, disse, perante o silêncio do seu adversário.

Fim do abate de animais: André Silva acusa Rio de estar contra uma medida que o PSD aprovou na AR. Tem razão?



Pergunta: será verdade que o PSD aprovou mesmo com o PAN a lei que proíbe os abates de animais?

A resposta é positiva. De facto, no dia 9 de junho de 2016, os partidos representados no Parlamento aprovaram o diploma (ler aqui) por unanimidade. Ficou então decidido que os canis teriam dois anos para se adaptarem à medida, o que significa que a proibição entrou em vigor em 2018, já com Rui Rio na liderança do PSD.