A dualidade entre consciência ambiental e desenvolvimento da economia tem sido um dos grandes desafios que a cidade de Lisboa tem enfrentado. Com uma situação geográfica privilegiada, é casa de várias espécies que aqui encontram as condições ideais. No entanto, a preservação da biodiversidade tem vindo a decair desde os anos 70, conduzindo-nos para um caminho sem regresso, de perdas imensuráveis.
A maioria da população mundial reside nas zonas costeiras, em particular nas cidades e estudos recentes da ONU apontam para que em 2050 cerca de 70% da população se localize junto à costa. Não obstante, de acordo um artigo publicado na revista científica Urban Sustainability, o conhecimento sobre ecossistemas e a capacidade de ação em prol do ambiente são cada vez menores.
Os projetos que articulam educação e ambiente devem, por isso, ser incentivados e alargados a um número crescente da comunidade escolar.
A Escola Básica de Santo António, em Alvalade, representa um exemplo de um modelo a ser replicado. Aqui, os alunos cultivam uma horta, aprendem a cuidar da natureza e defendem de forma acérrima a manutenção do parque arbóreo envolvente.
Estes alunos sabem o tempo esperado para colher uma alface, aprendem a ser pacientes e a observar ritmos e processos de crescimento naturais.
Vivem e respeitam uma escola que respira natureza e biodiversidade. Manifestam-se (em conjunto com os seus encarregados de educação) contra o abate de 59 árvores que está previsto e assinalado à entrada do portão principal.
Nesta Escola desenvolve-se um projeto de interseccionalidade entre áreas distintas que deveria assumir repercussão nas políticas públicas.
A Assembleia Municipal de Lisboa recebeu 46 deputados juniores na sua sessão de 31 de maio. Todas, sem exceção, pediram a preservação de espaços verdes. O executivo deve valorizar e multiplicar os estabelecimentos de ensino que integram aprendizagens e técnicas multidisciplinares no seu currículo.
Educação, ambiente e agricultura exigem uma gestão articulada. Tal como o exige a Terra e o Mar. Urge também que se deixe de parte um comportamento passivo em relação à preservação da natureza. A dependência coletiva da humanidade em relação aos combustíveis fósseis tem inúmeros danos para a saúde e segurança de todo o Planeta.
Assim o caminho para uma Lisboa Verde passa também pela mobilidade suave e ativa e por criar as condições necessárias para o ciclismo na cidade. As bicicletas são certamente parte da solução e temos de dar o merecido lugar a este meio sustentável, seguro e saudável.
Dado o exposto a Assembleia Municipal de Lisboa, reunida em 7 de Junho de 2022, ao abrigo do disposto no artigo 25.4, n.º 2, alínea k) do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, delibera:
a) Saudar o Dia do Ambiente;
b) Saudar as organizações de defesa ambiental portuguesas, em especial as de Lisboa, e todos os seus voluntários;
c) Dar conhecimento do presente voto à Escola Básica de Santo António de Alvalade, à Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente, à Plataforma em Defesa das Árvores e aos autores da petição 18/2021 Miguel Pinto e Herculano Rebordão.
O Voto de Saudação pelo Dia Mundial do Ambiente foi aprovado na Assembleia Municipal de Lisboa com apenas um voto contra (do Partido Chega).