Alterações ClimáticasAmbienteCampanhasPAN

Com o alto patrocínio da indústria da carne

Com o alto patrocínio da indústria da carne

Além de toda a crueldade e sofrimento animal que se esconde por trás da indústria da carne, os seus impactos não se ficam por aí. Considerada uma das indústrias mais poluentes, está a contribuir fortemente para a degradação do nosso planeta e é uma das causas da grave crise climática que vivemos. Os números falam por si.

A indústria da carne e o aquecimento global

Segundo a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, só a indústria da carne, leite e ovos emite mais gases com efeito de estufa – 14,5% – do que todos os transportes em conjunto – 13% -, com a agravante das emissões de metano, pelas quais a pecuária é responsável por 35% a 40% e que só em Portugal, entre 1990 e 2017, aumentaram em 48%. O metano, note-se, é um dos gases que mais contribui para o aquecimento global. Ainda no total do impacto de toda a atividade agrícola, um recente estudo da universidade de Oxford concluiu que a produção de carne e lacticínios é responsável por 60% das emissões de gases com efeito de estufa.

A indústria da carne e a contaminação dos solos

A FAO identificou o risco cada vez mais crescente da contaminação dos solos, com a indústria da carne a ser uma das principais causadoras deste problema devido sobretudo aos excrementos dos animais, que podem conter grandes quantidades de metais pesados e de agentes patogênicos e antibióticos. Segundo a organização, o volume dos excrementos cresce proporcionalmente à criação dos animais: a produção a nível global cresceu 66%, entre 1961 e 2016, passando de 73 milhões para 124 milhões de toneladas.

Importa ainda referir que, segundo a FAO, a produção de ração para gado representa mais de 80% de todas as terras agrícolas e ? das áreas cultivadas. Já as pastagens ocupam 26% da superfície da terra. Na prática, com os recursos gastos para a produção de 1kg de carne, conseguimos alimentar um número bastante mais elevado de pessoas.

A indústria da carne e a desflorestação 

Já ninguém duvida da importância das nossas florestas que, entre outros benefícios, são responsáveis pela absorção das emissões de carbono. Contudo, são cada vez mais as dizimações das grandes florestas e dos grandes pulmões verdes do nosso planeta. Em grande parte devido à atividade da indústria da carne.

Um dos casos mais evidentes é a floresta da Amazónia que em 2019 tinha já um nível de desflorestação total de 17%. Só em território brasileiro, esse número sobe aos cerca de 20%. Ainda segundo um relatório divulgado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em agosto de 2020 a destruição da Amazónia brasileira aumentou 34,5% comparativamente ao mesmo período em 2019, tendo por trás, na esmagadora maioria das vezes, a indústria pecuária.

Dados apontam para 5800 km2 anuais de floresta destruídos na Amazónia e outras áreas para serem convertidos em pastos para a criação de gado, através sobretudo de grandes queimadas que abrem espaço para a criação de gado.

A indústria da carne e a escassez de água

Relativamente à utilização de água, um estudo da Water Foot Print mostra-nos a água necessária para a produção de carne: 4.235L/Kg de frango, 5.988 L/Kg de porco e 15.415 L/Kg, ao passo que para os vegetais são necessários 322 L/Kg e 962 L/Kg para a fruta.

Um outro estudo, de 2013, concluiu que dos 2.5% de água potável de todo o planeta, a agricultura consome 92%, sendo que ? está ligada à indústria pecuária.

Em 2017, a FAO considerou ainda a indústria da carne como um dos grandes poluentes dos nossos recursos hídricos, contaminando severamente a já de si escassa água potável do nosso planeta, através por exemplo dos excrementos dos animais e de todos os resíduos de drogas e hormonas que lhes dão administrados.

Tudo isto, com o alto patrocínio da indústria da carne. Mas não só. Em Portugal, temos um Governo que continua a compactuar com estas indústrias altamente poluidoras e a sobrepor constantemente os interesses económicos a tudo o resto, inclusive à sobrevivência do planeta e à nossa própria sobrevivência. A indústria da carne continua a ser um dos grandes lóbis dentro do nosso Parlamento, considerada intocável para muitos. Mas para o PAN, que o diz desde o início e reitera sempre que necessário, não há setores intocáveis! Há apenas um planeta para salvar!